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Revolução em IA unificará processamentos, diz Wehrmann

Professor Fundação Behring de Inteligência Artificial no DI participou de live nesta quinta (28)

Seja nas ferramentas de busca e catalogação das principais plataformas de streaming ou nas assistentes virtuais, a Inteligência Artificial (IA) tem transformado a relação da sociedade com o digital. E muitas invenções revolucionárias na área ainda estão por vir, alerta Jônatas Wehrmann, professor Fundação Behring de Inteligência Artificial do Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio. Especialista na área, Wehermann participou da live da graduação do DI na noite de quinta-feira (28). 

Ele conversou com a professora Noemi Rodriguez, coordenadora da graduação, sobre sua trajetória profissional e as perspectivas da Inteligência Artificial e da Aprendizagem de Máquina para os próximos anos. O papo, para quem não acompanhou, está disponível na íntegra no canal do DI no YouTube.

Se na última década vimos a IA, com a ajuda das redes neurais e do deep learning, trazer inovações inéditas em processamento de imagem e de texto, a aposta para o futuro é a integração entre estas duas esferas, afirmou o entrevistado. “A próxima revolução que a gente vai ver com certeza é a unificação dessas duas áreas. Vamos ter temas que vão ser capazes de entender todos os tipos de conceitos, de textos e imagens. Isso já está acontecendo. Fico muito feliz em ver essa transformação porque trabalhei com isso no meu doutorado, e consigo ver a área indo para esse lado, que para mim é o mais promissor”.

Visando explorar este enorme potencial de descobertas, o professor contou que está trabalhando, junto com outros docentes do DI, na criação de um Laboratório de Inteligência Artificial do departamento, que vai estudar esta e outras tecnologias. 

“Nosso objetivo é fomentar a pesquisa de ponta. No DI já temos uma pesquisa de nível mundial, mas queremos chegar ao nível máximo que a gente conseguir. Para isso estamos tentando conseguir equipamento, temos a parceria com a Fundação Behring e estamos tentando também trazer outras empresas. Aqui no Brasil temos muito potencial, temos alunos brilhantes, e precisamos desenvolver mais nessas tecnologias novas, nas quais vários países estão investindo muito pesado”, avaliou. 

Durante a live, o professor convidou interessados em “ajudar a construir a história da IA no Brasil” para que conheçam o laboratório.

Durante o doutorado em Ciências da Computação na PUCRS, onde também se tornou mestre, Wehermann integrou um dos grupos pioneiros de pesquisa em Inteligência Artificial do Brasil, o que, contou ele, não veio sem desafios. 

“No começo não tinha ninguém que fizesse pesquisa na área na universidade e na região, e tinha pouquíssimos brasileiros começando a tentar entender isso. Pesquisar deep learning na época era uma coisa que só grandes universidades conseguiam, porque precisava de muitos equipamentos, como placa de vídeo. Sabíamos que era um conteúdo extremamente complexo”, lembra.

Procurando manter “um pé na academia e outro na indústria”, Wehrmann contou ainda que atuou em diversas empresas e startups ao longo de sua trajetória profissional, como a Kunumi, e acredita que essa troca é profícua para ambos os lados. “Gosto da academia pura, mas gosto muito de aplicar e tentar resolver algum problema do mundo real com as ferramentas. Acho um pecado que tamanha tecnologia fique só na academia. Tanto que tento sempre fazer essa ponte, envolver empresas nos projetos de pesquisa com algum tipo de bolsa ou estágio”, conta. 

No comando do papo, a professora Noemi Rodriguez acrescentou que o DI é o lugar ideal para quem aprecia esse tipo de equilíbrio. “A PUCRS tem muito essa alma e agora você veio para outro lugar que acho que você vai gostar também, que tem muito essa alma de interação com a indústria”, disse.

Para concluir a conversa, o Wehrmann alertou que ter uma sólida base matemática é fundamental para desenvolver sistemas de IA. “Você tem que conhecer bem aquilo que você está usando. Baixar um modelo da internet, apertar play e aplicar em algum lugar é extremamente perigoso. A área tem muitas armadilhas.” 

Reconhecendo que ler o conteúdo matemático nos livros pode ser intimidante, ele indicou que estudiosos do tema que encontram dificuldade nessa área recorram a formas mais visuais de explicação. “Ler aquilo em um livro pode ser assustador por causa do formalismo. Mas esse normalmente representa coisas que são super simples. Quando você vê aquilo, tudo faz sentido e não é tão complicado”, concluiu.