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Clarisse de Souza fala das contribuições de IHC para teorias da Computação

Em webinar, professora emérita do DI ressalta a importância de refamiliarizar estudantes e pesquisadores da computação com a subjetividade

 

Criadora da Engenharia Semiótica e uma das pioneiras da área de interação humano-computador (IHC) no Brasil, Clarisse Sieckenius de Souza foi a palestrante convidada do VIII Webinar de 2020, evento do Capítulo Brasileiro da ACM SIGCHI (BR-CHI). Em transmissão ao vivo pelo YouTube nesta sexta-feira (25), a professora emérita do Departamento de Informática da PUC falou sobre como a IHC pode contribuir para os fundamentos da computação.

Partindo da definição do que é a computação em sua perspectiva, Clarisse abordou em seguida a influência de Noam Chomsky no campo da linguística, ainda na década de 80, quando houve a importante revolução chamada “A Virada Pragmática da Linguística”. Para a professora, a linguística descritiva proposta por Chomsky é análoga à uma situação da Computação: “Ele descreveu da maneira que nós da computação conhecemos. Chomsky ainda propôs as transformações entre as representações linguísticas subjacentes”, comentou.

Sobre as contribuições da IHC para as teorias fundamentais da Computação, Clarisse apontou que ao incluir humanos nessas teorias é preciso levar em conta não apenas os aspectos individuais, mas também coletivos da experiência humana. E que, ao trazer esses aspectos, elementos das ciências humanas e sociais vêm junto. A professora fez questão de ressaltar que não se trata de uma guerra de domínio, e falou sobre esse processo nas respostas para quatro perguntas:

  • Que elementos incluir?
  • Qual é o papel desses elementos?
  • Como incluir?
  • Como articular essa inclusão?

Em síntese, a palestra salientou que a linguagem, seja ela qual for (a língua falada ou a representação computacional) carrega intenção e um contexto. Por isso, não é possível extirpar a subjetividade da computação, como Clarisse explicou ao responder sobre o papel dos elementos das ciências humanas e sociais nas teorias fundamentais da computação.

Estudantes e pesquisadores da ciência da computação precisam se refamiliarizar com o que é a subjetividade. Não falar dela não faz desaparecer da cena. Fazermos as pazes com a subjetividade e inclusive explorar o que ela tem de bom seria interessante”, finalizou. 

Em 2014, Clarisse foi escolhida uma das 54 mulheres de todos os tempos que se destacam pela atuação em pesquisa na área de Ciência da Computação. O objetivo da distinção, criada pelo Instituto Anita B.org e pela Associação de Pesquisa em Computação Mulher (CRA-W, na sigla em inglês), é estimular meninas na área de programação.