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‘Estamos investindo em parcerias com universidades nos EUA’, diz Endler

Diretor do DI fala de conquistas do departamento e planos para o futuro no evento ‘Tecnologias Digitais e as Áreas do Conhecimento Humano’

O evento online “Tecnologias Digitais e as Áreas do Conhecimento Humano” promoveu o debate sobre interdisciplinaridade e integração entre a universidade e empresas na sexta-feira (30), no YouTube. Realizada pelo Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio em conjunto com a PUC Endowment, a transmissão contou com a participação de renomados pesquisadores, representantes de empresas de tecnologias e das instituições organizadoras. 

O diretor do DI, Markus Endler, fez uma apresentação do departamento e seus laboratórios de pesquisa, com destaque para os produtos neles desenvolvidos, como a linguagem de programação Lua e o middleware Ginga. Em busca de ainda mais visibilidade no mercado internacional, Endler afirmou que o DI está negociando parcerias com duas universidades da América do Norte e com a NVIDIA, a IBM e a VTEX. “Estamos investindo fortemente em parcerias com duas universidades da América do Norte, eu não vou mencionar agora o nome, mas são universidades de alto renome nas suas áreas. Uma delas inclusive tem um ecossistema de muitas empresas e de start-ups no seu entorno. Então nós acreditamos que tendo uma parceria com essa universidade nós automaticamente abrimos portas para atuação de nossos alunos da nossa pesquisa também junto a essas start-ups lá fora”, disse. 

Endler destacou que o departamento está aberto a pesquisas institucionais e parcerias com dentro e fora da PUC-Rio. “Queremos ter uma informática mais aplicada, sem deixar de produzir resultados. O DI pode servir de parceiro para outros departamentos e áreas. A multidisciplinaridade, combinando a informática com outras áreas, é também uma oportunidade”, completou o diretor. 

Ele também relembrou um marco na história do DI, a criação da Rede PUC, ao introduzir o depoimento do professor Daniel Menasce, ex-diretor do departamento e professor da George Mason University. “No início da década de 1980 ainda não havia boas soluções para que computadores pessoais de uma organização pudessem se interligar e para que cada um deles tivesse acesso à internet. Então, nós conseguimos um financiamento da Telebrás, de 670 mil dólares em montante de hoje, e começamos o projeto da rede PUC, cuja ideia era interligar todos os computadores de uma organização em um anel de comunicação. Nosso projeto demonstrou a viabilidade técnica da rede PUC um ano antes da IBM lançar o seu token ring, que seria o equivalente à nossa rede em anel”, contou Menasce. 

‘Podemos criar um Vale da Gávea’, diz presidente da AaA PUC-Rio

Ricardo Lagares, presidente da Associação dos Antigos Alunos (AaA PUC-Rio) e também da gestora do fundo patrimonial Endowment da PUC-Rio, falou sobre a história da PUC-Rio e da Associação. “Vejo a Gávea como uma região bem interessante, também como a região do Vale do Silício, uma região bonita que estimula a criatividade e a inovação. Então, quem sabe, também não podemos criar um Vale da Gávea, estimulando start-ups, empresas de inovação a aceleradoras a se instalarem em volta da Universidade e criar um distrito de inovação relevante no Rio de Janeiro e no Brasil?”.

A professora visitante do DI Valeria de Paiva, co-fundadora do Topos Institute, conversou com o professor Daniel Schwabe sobre sua pesquisa em linguagem natural. “Precisamos lidar com os nossos sistemas como se fossem pessoas. Precisamos entender o que eles dizem e eles precisam entender o que a gente diz no contexto que estamos falando”, afirmou a pesquisadora. “O nosso projeto pensa que a gente precisa construir, principalmente para o português, recursos léxicos e semânticos e fatos sobre a sociedade do Brasil que façam esses sistemas entenderem o que esperamos deles”, completou.  

Renato Cerqueira, gerente sênior de pesquisa da IBM Brasil, enalteceu a importância das parcerias entre universidade e empresas. “Estamos precisando de pensamento científico para enfrentar os desafios que enfrenta a nossa sociedade”, declarou. A professora Monica Hertz, vice-decana do Centro de Ciências Sociais (CCS), conversou com Valeria sobre o processo de socialização dos professores de outras áreas, como das Ciências Sociais, no universo digital. “Vamos começar o próximo semestre com uma série de oficinas para promover essa socialização e aprendizado”, adiantou Monica. 

Vice-presidente de engenharia do Google e João Portinari dão seu depoimento

Ex-aluno do DI e vice-presidente de engenharia do Google, Luiz André Barroso contou sua história na PUC, desde a graduação em engenharia elétrica, em 1983, passando pelo doutorado na informática sob a orientação do professor Daniel Menasce, até o desenrolar de sua carreira profissional que ele chamou de uma carreira repleta de aventuras. “Saí da PUC e trabalhei como pesquisador, como engenheiro de software, como engenheiro de hardware, já trabalhei como gerente de times pequenos, com dez pessoas, ou de times enormes, de 10 mil pessoas aqui na Google. Tenho tido até o momento e pretendo continuar a ter uma carreira com mais aventuras e com mais oportunidades de entrar em áreas completamente diferentes. Certamente a educação, meus colegas e os meus professores na PUC foram um fator muito importante em me permitir essa ousadia de trabalhar em tantas áreas diferentes, tem enriquecido minha carreira de várias formas”, afirmou Barroso. 

Fundador e coordenador do Projeto Portinari, João Candido Portinari falou sobre a relação do trabalho desenvolvido no projeto com as áreas de ciência e tecnologia. “Colegas da informática foram fundamentais num problema que nós enfrentamos desde o início, o enfrentamento com os falsários. Procuramos soluções inovadoras, diferentes das técnicas tradicionais de atribuição de autoria, que apresentavam falhas históricas. Utilizamos a área de inteligência artificial e machine learning, chegamos a fazer uma parceria com o laboratório de Inteligência Artificial da Nasa na Califórnia, o que deu início ao projeto Pincelada, que contou com a colaboração de colegas de vários departamentos da área de ciência e tecnologia da PUC. Estamos vendo a possibilidade de uma renovação da parceria com o Departamento de Informática da PUC-Rio para prosseguirmos com esse projeto e chegarmos a resultados que possam ser aplicados na prática”, afirmou Portinari, ex-diretor do Departamento de Matemática da universidade.

Maria Luiza Reis, Presidente da Assespro RJ — associação de empresas de Tecnologia da Informação que é a associação mais antiga do Brasil — falou sobre a importância da federação, por ser ouvida por ministros e governadores a respeito da política de tecnologia da informação e por sua grande força ser o futuro da tecnologia do Brasil. ”O Rio de Janeiro tem um parque de universidades de prestígio mundial, poderia chamar até de ‘a Boston do Brasil’, com tantas empresas, universidades e centros de pesquisa importantes aqui. Hoje ainda não temos uma união, uma interligação muito forte entre a universidade e as empresas de tecnologia, e isso seria muito importante. É o passo para conseguirmos a primazia, conseguirmos ser líderes na tecnologia e vendermos para o mundo inteiro”, afirmou. 

ANP, Innovation Norway e NVIDIA incentivam a pesquisa científica 

Alfredo Renault, superintendente da ANP, lembrou que no Brasil a indústria de petróleo é obrigada a investir 1% de receita bruta nas universidades e centros de pesquisa do país, o que gera um conjunto de projetos de extrema relevância, suporte de infraestrutura fundamental para diversas universidades brasileiras. “Pela sua tradição de pesquisa em diferentes áreas de interesse do setor petróleo, parte significativa desses recursos são aportados na PUC-Rio. Além disso, nós temos também o programa de formação de Recursos Humanos, com 55 programas de pós-graduação  contemplados no país, que fornece bolsa para alunos de graduação, mestrado e doutorado em diferentes áreas de interesse no setor petróleo e resulta numa grande aproximação entre esses diferentes programas e o setor produtivo da área de petróleo”, informou.

A representante da Innovation Norway, Marianne Jensen, lembrou que a parceria entre a empresa norueguesa e o Brasil está muito além do comércio de bacalhau e café. Após mencionar acordos firmados pelos dois países, ela falou sobre o seu trabalho aqui no Brasil, que está calcado na Tríplice Hélice. “A posição é co-financiada pelas agências públicas norueguesas responsáveis pela pesquisa e inovação no setor empresarial. Portanto, há vínculos fortes entre nossos dois países em relação à pesquisa e ensino superior em universidades como o que estamos fazendo no departamento de informática da PUC, criando mais inovação e negócios a partir da pesquisa. Facilitar o ensino superior corporativo com relevância para a pesquisa e as empresas está no centro do que faço no Brasil”, explicou.

Fernando Pereira, Senior Manager da NVIDIA e responsável pela vertical de energia e educação superior e pesquisa elogiou a escolha do tema para o evento, agradecendo também a parceria com a PUC-Rio em vários projetos. “O tema atual é de extrema relevância, é um tema em que a NVIDIA é protagonista. Hoje muito mais do que uma empresa de hardware, nós somos uma empresa de software que provê uma série de soluções em várias áreas do conhecimento humano”, disse. 

Além deles, também  deram seu depoimento: o Dr. Hilton Koch, decano do centro de Ciências médicas; professora Jaqueline Farbiarz, diretora do Departamento de Artes e Design;  Adriana Vidal, Coordenadora Central de Educação; Professora Noemi Rodriguez, coordenadora de graduação no DI; professor Marcos Kalinowski, coordenador de pós-graduação no DI e Carlos Augusto Junqueira, presidente do Conselho do Endowment, que fez as considerações finais juntamente com Markus Endler e o mediador da sessão, Fernando Jefferson, diretor de TI da PUC Endowment.