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Criação da primeira pós-graduação em Computação no Brasil 

Você conhece a história por trás do termo “bootstrap” (ou” boot”) e sua relação com a criação da primeira pós-graduação em Computação no Brasil? 

Segundo uma das estórias do Barão de Münchhausen, conhecido por ser um dos melhores contadores de mentira do século XVIII, ele estava cavalgando em um descampado quando caiu no brejo. Sem ninguém para ajudá-lo, decidiu socorrer a si e ao cavalo, usando toda a força que tinha na perna em torno do animal e puxando os cadarços das próprias botas até conseguir sair daquela situação. Esse cenário deu origem à expressão “bootstrap”, que significa desenvolver algo utilizando este mesmo objeto como instrumento, termo muito utilizado na computação. 

A criação do curso de mestrado do DI de fato seguiu esse conceito, mas nesse caso é a pura verdade! Não havendo ainda pós-graduação em computação no Brasil, e a grande dificuldade de criar um curso com professores estrangeiros visitantes, fez o programa de pós do DI ser criado, em 1967. A escolha do nome envolveu uma longa discussão, já que, essencialmente, havia duas opções: abrasileirar o título Computer Science, termo usado na Inglaterra e nos EUA, ou utilizar a palavra francesa Informatique. Por fim, a segunda opção foi a escolhida, por ser mais abrangente e envolver tudo o que está relacionado a processamento de informações. E então surgiu o termo “informática”, que acabou  sendo um dos primeiros neologismo da área. 

Mas como foi o “bootstrap” do mestrado?

O “bootstrap” da pós do DI foi praticado com um membro do corpo docente dando aula de um assunto específico para os outros docentes, e todos estudando juntos as novidades nesse campo ainda incipiente no Brasil. Esse modus operandi gerou ainda outras  situações inusitadas, como a de um mestrando defendendo sua dissertação tendo como orientador um colega que ele mesmo  ainda não tinha defendido sua dissertação. Ou seja, um trabalho coletivo de boot. Então, em 1969 todos “aprendizes-professores” que compunham o corpo docente do Departamento concluíram o mestrado. Posteriormente, alguns dos fundadores do DI receberam os créditos em cursos na Universidade de Waterloo e outras universidades norte-americanas, onde fizeram o doutorado.