Palestra que abordou perspectivas de IHC dentro das duas áreas abriu novo ciclo de lives da pós-graduação
Dentro do âmbito de desenvolvimento de softwares, existe uma relação que se destaca: a comunicação entre designer e usuário, que pode não parecer, mas é, sim, humana. Esse relacionamento cumpre papéis fundamentais e cada vez mais relevantes para o bom funcionamento dos sistemas e de suas interfaces. “A engenharia semiótica vê a Interação Humano-Computador (IHC) como um caso particular de comunicação humana mediada por sistemas computacionais, porque no mínimo existe o designer em uma ponta e o usuário em outra”, disse a professora do Departamento de Informática (DI) Simone Barbosa na live “Design e/ou Engenharia: uma perspectiva de IHC”.
A apresentação, realizada na última sexta-feira (12), marcou o retorno dos seminários da pós-graduação. Segundo Simone, a live foi baseada em uma perspectiva pessoal de acordo com os seus estudos em Interação Humano-Computador (IHC) e outras áreas. O vídeo está disponível no canal do DI no YouTube.
Simone começou a palestra falando sobre falsas dicotomias que podem ocorrer na prática e no entendimento de design e/ou de engenharia. De acordo com a visão da professora, muitas pessoas enxergam um conflito entre os dois termos, que são colocados em oposição, e não percebem as suas semelhanças. “Há um objetivo em comum entre eles: produzir uma solução para um problema atual, ou produzir um artefato que aproveite uma nova tecnologia para melhorar a vida das pessoas ou da sociedade”, disse.
A pesquisadora mostrou alguns exemplos de oposições que são feitas não só entre design e engenharia, mas também em outras áreas de pesquisa, como forma X função, estética X estrutura, subjetividade X objetividade e teoria X prática. Em relação ao primeiro ponto, por exemplo, Simone destacou as diferentes visões que pesquisadores, profissionais e demais agentes podem ter sobre o assunto.
“Algumas pessoas falam que ‘o importante é funcionar’. Outras falam que a forma influencia a experiências das pessoas que utilizam determinado artefato”, afirmou.
O papel da engenharia semiótica
Na segunda parte da live, a professora reforçou o papel da engenharia semiótica na relação entre design e engenharia. Para Simone, a relação entre o designer – ou seja, o(s) criador(es) do software – e o usuário é baseada na comunicação do designer, através do sistema, sobre como o usuário deve ou não atuar sobre a interface. Isso também pode ser chamado de metacomunicação, que quer dizer a comunicação sobre como o usuário vai se comunicar com o sistema.
“O que o designer está falando para o usuário? É como se ele dissesse: ‘com base no que eu aprendi, o sistema que eu projetei para você é a forma como você deve usá-lo para alcançar os objetivos que eu descobri que você tem”, exemplificou.
Porém, para Simone, o designer realiza uma análise bem feita do sistema ao se aproximar dos reais objetivos do usuário. Caso contrário, uma interpretação equivocada pode abrir precedentes para vários mal-entendidos e não corresponder às expectativas e necessidades do usuário.
Dentre os exemplos apresentados, a professora mostrou problemas e soluções vistos em sites e aplicativos de banco baseados na linguagem MoLIC, utilizada pelos designers de IHC para modelar a interação dos usuários com os sistemas computacionais por meio da metáfora de interação como conversa.
Outro ponto abordado foi “a voz” do designer na interface do sistema, que pode ser completamente diferente dependendo do contexto. Por exemplo: se o usuário for ao Google, mas não buscar por nada específico, o software não responderá nada e esperará o primeiro contato da outra ponta. Por outro lado, se o usuário repetir esse movimento no campo de busca de uma loja virtual, é bem provável que o sistema ofereça sugestões com o intuito de “empurrar” um produto ou serviço e, consequentemente, realizar uma venda.
Por fim, a professora falou sobre os múltiplos porta-vozes que podem conversar com o usuário através de uma mesma interface, a quem interessam as soluções tecnológicas e o que tem sido feito por quem desenvolve softwares para promover o bom uso da tecnologia. Simone também respondeu às perguntas enviadas via chat ao vivo.
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