Professores apresentaram novas tendências do storytelling interativo e entretenimento digital em seminário ao vivo no YouTube
Quem acompanhou o seminário “Entretenimento Digital, Jogos e Narrativas Computacionais” pelo canal do DI no YouTube nesta sexta-feira (2), aproveitou uma oportunidade rara de ouvir o professor emérito Antonio Furtado. Junto com professor e pesquisador Bruno Feijó, Furtado apresentou tendências do storytelling interativo e novidades no mundo dos games. A transmissão, ao vivo, foi aberta ao público que incluiu muitos alunos e ex-alunos e professores do departamento. E a colaboração com os estudantes para o desenvolvimento das pesquisas foi ressaltada pelos palestrantes.
“Apesar de termos obtido resultados dos quais nos orgulhamos, temos que reconhecer que o que nós conhecemos é uma parte muito pequena do que falta ainda desenvolver. Por isso, convidamos vocês para trabalhar conosco no desenvolvimento de dissertações e teses”, convidou Furtado.
“Não é o domínio de uma técnica que faz a diferença, mas sim um conceito novo, uma ideia simples, uma semente plantada que inicia processos disruptivos, muitas vezes desenvolvidos por outros, quase sempre pelos alunos. O que nos deixa muito satisfeitos”, corroborou Feijó.
‘Oxigênio intelectual’
Chamado de carinhosamente de “Prêmio Nobel do Banco de Dados” por Feijó, Furtado falou sobre interactive comics, video-based dramatization, técnicas de reuso de histórias, plot network, dentre outros tópicos relacionados ao storytelling interativo e entretenimento digital.
“O nosso objetivo a longo prazo é ajudar usuários que não são autores profissionais, mas que vão ter o prazer de compor histórias que estão de acordo com o seu gosto. E o sistema toma cuidado para que, embora o gosto do usuário prevaleça, haja limites”, explicou Furtado.
O professor emérito interagiu com o público respondendo perguntas enviadas pelo chat ao vivo. “Furtado nos traz oxigênio intelectual”, elogiou Feijó.
As novidades do entretenimento digital
Na sua parte da seminário, Feijó fez um panorama sobre storytelling a partir dos conceitos de entretenimento digital e narratologia computacional. “Talvez contar histórias tenha sido um modo normal de processar informações desde o início. O storytelling seria uma forma de exercício mental que fortaleceria nossas capacidades cognitivas, uma maneira de passar adiante informações complexas”, disse.
Ao falar sobre data storytelling, área mais alinhada com analytics e ainda pouco explorada, Feijó parafraseou a professora Brené Brown — uma das cinco primeiras pesquisadoras a ter uma palestra filmada pelo Netflix, tamanho o impacto de seu trabalho — ao dizer que “Histórias talvez sejam dados com alma”.
Um dos pontos altos da palestra foi quando o professor apresentou vídeos de efeitos visuais de baixo custo (VFX) usados em novelas da TV Globo como Ciranda de Pedra (2008), na reconstituição da São Paulo da década de 1950, e Caminho das Índias (2009), em que usaram técnicas do universo de games para composição de fundo de cena e paisagens da Índia, como Rio Ganges. “Essas técnicas ajudaram muito a TV Globo a alcançar esse padrão de qualidade. Talvez só a BBC de Londres tenha essa capacitação”, contou.
O impressionante futuro dos games
Feijó ainda mostrou um vídeo com as novidades da computação gráfica para jogos e as últimas tendências que estão sendo lançadas, como por exemplo realidade virtual para deficientes visuais, o que ele chamou de “lado brilhante da força”. Depois de falar dos jogos desenvolvidos no ICAD/Vision Lab que estão fazendo sucesso no Steam (plataforma de streaming de jogos) e mundo fora, o professor respondeu perguntas — enviadas inclusive por outros professores do DI, como Markus Endler, diretor do departamento, e Hélio Lopes — e finalizou falando sobre a evolução dos games até aqui.
“Graphics e inteligência artificial avançaram imensamente. Mas a questão do storytelling ainda está na infância, continua ainda muito pouco entendida. Existem poucos jogos que capturaram a magia jogos iniciais”, avaliou.