Professor é o convidado do ciclo de seminários da graduação nesta quinta (26)
Bruno Feijó vê os jogos como a “Fórmula 1” da computação, porque lidam com os maiores desafios de simulação que a computação pode imaginar e levam a tecnologia ao seu extremo. Só que, para vencer essa “corrida” tecnológica é necessária uma equipe transdisciplinar, com profissionais híbridos. Mas, o que significa isso? Esse é o assunto do seminário “Jogos e Entretenimento Digital – a busca pelo profissional híbrido”, que será apresentado por Feijó em mais uma edição do ciclo de lives da graduação. O evento acontece nesta quinta-feira (26) às 18h, ao vivo pelo YouTube do Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio.
“A computação precisa da ajuda de várias outras disciplinas, como psicologia, neurociência, artes, design, entre outras. E depende da formação de um novo profissional, que seja híbrido. Falar sobre jogos e entretenimento digital, além de divertido é algo muito sério. E certamente um caminho inspirador para algum dia nos aproximarmos de uma Artificial General Intelligence (AGI)”, afirmou o professor. O conceito de AGI tem a ver com o desejo de que um dia máquinas e computadores consigam reproduzir de maneira geral qualquer comportamento humano inteligente.
Para Feijó, a DeepMind — empresa britânica com foco em pesquisas e desenvolvimento de máquinas de inteligência artificial — é um exemplo de como uma visão transdisciplinar pode impactar a comunidade tecnológica positivamente. “Não é à toa que algumas das inovações mais impactantes neste boom de inteligência artificial que tomou conta do planeta nasceram de uma empresa criada por um game designer, graduado em ciência da computação e com doutorado em neurociência. São seres híbridos e transdisciplinares”, disse o pesquisador, se referindo a Demis Hassabis, CEO da DeepMind.
A formação de um profissional híbrido deve começar nas universidades, que precisam mudar profundamente sua forma de organização para que não existam mais paredes entre os departamentos, segundo Feijó. Nas graduações de tecnologia há um treinamento intensivo de funções típicas de um lado do cérebro, com o raciocínio lógico. Enquanto em outras áreas como arte, design e comunicação outras regiões cerebrais são exercitadas. Contudo, essa cisão não é mais possível hoje em dia. “Ser híbrido é trabalhar esses conceitos todos. As soft skills (habilidades interpessoais) se tornam mais importantes ainda. O aluno de artes e design não pode odiar matemática, porque vai precisar disso”, afirmou Feijó.
A proposta de transdisciplinaridade é ir além da esfera interdisciplinar. Não é apenas uma questão de troca entre as áreas de estudo, mas sim de desenvolver novos conceitos, que vão além de cada disciplina. “Isso eu diria que é a nova formação e os jogos servem maravilhosamente bem para isso. Os jogos e o entretenimento digital, por natureza, permitem essa formação híbrida dos profissionais”, concluiu.
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