Texto de Sérgio Colcher e Álan Guedes na revista especializada Set fala sobre atualizações do middleware para a TV 2.5
Os avanços tecnológicos alcançados desde a criação da TV Digital 2.0, em 2007, levaram a uma demanda de atualização também no middleware Ginga. Por isso, uma nova versão vem aí: o DTVPlay. O professor Sérgio Colcher, coordenador do TeleMidia Lab e o pesquisador Álan Guedes — que participam do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) — publicaram um artigo na revista especializada Set falando sobre essas atualizações.
“A TV digital está em uma transição muito forte agora. Todos os padrões do mundo estão se atualizando. Então, a TV 2.5 é ainda um meio do caminho, mas é uma atualização importante para o Ginga estar sintonizado com as aplicações de hoje em dia, como o streaming e aplicações móveis também”, afirma Guedes.
Conhecida como TV 2.0, a televisão digital foi implementada no Brasil em 2007. O middleware Ginga, criado no laboratório de TeleMídia do Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio pelo professor Luiz Fernando Gomes Soares (1954-2015), se tornou um padrão internacional, que agora terá sua primeira grande atualização, visando uma melhor comunicabilidade com os novos recursos das televisões SmartTV, serviços de streaming, celulares e dispositivos de Internet das Coisas (IoT).
“O maior avanço do Ginga na TV 2.5 é se comunicar com o ambiente de Smart TV e mobile. Com isso ele vai saber um pouco mais do seu perfil e pode direcionar anúncios e propagandas mais personalizadas. O Ginga agora não estará vivo só no broadcast do canal. Tem um componente que passa a se comunicar com a Smart TV e com o celular do usuário, para então capturar informações de perfil e poder recomendar conteúdos, personalizar anúncios, entre outras novas funcionalidades”, explica o pesquisador.
Isso significa que, com o DTV Play, componente dessa versão nova do middleware, um usuário que está consumindo um conteúdo num canal de TV aberta, poderá receber como recomendação um outro conteúdo, relacionado ou similar a esse, no streaming. E vice-versa. Baseado nas informações de perfil do usuário — capturadas via celular, por exemplo — o Ginga permite que sejam veiculados anúncios e propagandas mais de acordo com os interesses de quem assiste. Mas, para isso, será necessária autorização prévia.
“Tem que ter autorização do usuário, via QR code ou mensagem solicitando permissão, como é muito comum atualmente em smartphones, que pedem para usar a localização, por exemplo. Não será automático, o usuário precisa permitir”, alerta Guedes. O pesquisador estima que no final de 2021 as primeiras TVs 2.5 estejam chegando ao acesso do consumidor final.
“As normas foram publicadas esse ano (2020), estamos fechando uma validação, um conjunto de aplicações que validam esse Ginga. Os fabricantes têm que implementar esse conjunto de aplicações para dizer que está funcionando. É como se fosse um teste de conformidade. Prevemos terminar no início do próximo ano, os fabricantes já estão trabalhando nisso. Minha estimativa é que no final de 2021 as TVs mais novas já cheguem com essa versão atualizada do Ginga, o DTVPlay. Esse é o planejamento”, pondera Guedes.