Palestra “Desmistificando a Inteligência Artificial” fez parte do evento de abertura do Curso de Graduação em Neurociências da PUC-Rio
Há quem acredite que a Inteligência Artificial (IA) é “mágica” ou que as máquinas fazem tudo sozinhas e se programam de forma autônoma. Também há quem encare a IA como uma grande ameaça à humanidade, atribuindo aos robôs o “domínio do planeta Terra”. Porém, a realidade é bem diferente.
“Se as máquinas estão fazendo o que fazem, é porque isso era, no mínimo, esperado. Alguém já deu aquele caminho e proporcionou esse algoritmo para esse experimento”, disse o professor Augusto Baffa na live “Desmistificando a Inteligência Artificial”, apresentada nesta quinta-feira (4). A palestra fez parte do evento de abertura do Curso de Graduação em Neurociências da PUC-Rio, e está disponível no canal do DI no YouTube.
Ao explicar o objetivo da live, Baffa disse que a ideia era falar sobre como a IA surgiu, contar o seu desenvolvimento e desmistificar a ideia de que as máquinas fazem “tudo” sozinhas. “Não é nada mágico. São programas com uma decisão um pouquinho mais esperta, mas ainda são, de fato, programas.”
Baffa explicou o conceito de Inteligência Artificial, que vem da junção dos dois termos, e ressaltou que existe uma certa dúvida sobre essa definição. De acordo com o professor, o termo “artificial” é fácil de definir – é aquilo que foi criado, que não é natural -, mas que existem várias formas de definir a palavra “inteligência”.
“O que é inteligência? É se comportar como um ser humano? É se comportar da melhor forma possível? É pensar ou agir como um ser humano, da melhor forma possível?”, questionou.
Mas na prática, segundo o professor, a IA é definida como uma área de pesquisa que tem como objetivo buscar métodos ou dispositivos computacionais que possuam ou aumentem a capacidade racional do ser humano de resolver problemas, pensar ou, de forma geral, “ser inteligente”.
Relação entre IA e neurociência
Durante a palestra, voltada para os alunos do novo curso de graduação em Neurociências da PUC-Rio, Baffa também destacou a relação entre as duas áreas.
Segundo o professor, a Inteligência Artificial é composta por uma série de condicionalismos, ou seja, de pequenas decisões que não precisam ser, de fato, totalmente inteligentes – mas sim pré-programadas. Dentro da linguagem de programação, usa-se o comando “if” (a condicional “se”, em português), que é responsável por tomar uma decisão. Porém, esse comando é um código de computador que é programado automaticamente, o que não o faz ser inteligente como um ser humano.
A partir dessa explicação, Baffa trouxe algumas questões que relacionam a IA ao cérebro humano. “Será que o nosso cérebro tem esse livre-arbítrio completo, ou será que a gente tem uma predisposição biológica para tomar algum tipo de decisão? A IA seria mais ou menos dessa mesma forma”, disse.
O diretor do DI, Markus Endler, contribuiu com a parte final da palestra reforçando essa ligação entre os campos da Neurociência e Inteligência Artificial. “A IA ainda está longe de codificar as emoções, e creio que a neurociência, cada vez mais, tem dado mais importância às emoções como sendo os elementos que tornam alguns processos mais rotineiros. Por exemplo, quando a pessoa está se sentindo bem e motivada, ela faz uma coisa melhor e até grava isso melhor”, disse Endler.
Definições de Inteligência Artificial
Outros pontos apresentados por Baffa foram as definições de Inteligência Artificial criadas pelo diretor de qualidade de pesquisa do Google, Peter Norvig, e pelo cientista da computação e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, Stuart Russell.
Os autores determinaram que existem quatro linhas de pesquisas principais, que envolvem os sistemas que agem como humanos, os sistemas que pensam como humanos, os sistemas que pensam racionalmente e os sistemas que agem racionalmente. Durante a palestra, Baffa se aprofundou em cada um dos tópicos listados e em suas respectivas pesquisas.
Ele também explicitou a grande abrangência da IA, que está associada a diversas áreas além da Neurociência, como a estatística (que cria os processos de machine learning), a linguagem (na qual são estudados o processamento de linguagem natural e o campo da linguística) e a visão computacional (que trabalha com informações visuais, como processamento visual, foto, vídeo e reconhecimento de objetos).
A segunda parte da live foi dedicada à história dos estudos e do desenvolvimento da Inteligência Artificial. Por fim, o professor destacou notícias recentes sobre o tema e respondeu às perguntas do público.
O coordenador do curso de Neurociências, Daniel Mograbi, agradeceu a participação dos professores Baffa e Endler e reforçou a parceria entre os departamentos.