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Gattass relembra desafios do Tecgraf em projetos com a Petrobras

Foto: Reprodução/YouTube

Em live, professor do DI e diretor do Instituto falou do trabalho visando à proteção ambiental

Tecnologia e preservação do meio ambiente não são áreas afins, aparentemente. Mas podem, sim, andar lado a lado, aponta o professor do Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio Marcelo Gattass, diretor do Tecgraf. O instituto mantém uma parceria de mais de três décadas com a Petrobras, e ajuda a empresa na prevenção de desastres ecológicos. 

Para falar sobre esses e outros projetos desenvolvidos em parceria com a indústria de óleo e gás, Gattass apresentou a live “Capacitação tecnológica das empresas de petróleo e a segurança e proteção do meio ambiente – Os trabalhos dos últimos 34 anos do grupo Tecgraf” na sexta-feira (30). 

O professor relembrou algumas fases marcantes da atuação do Tecgraf com a Petrobras. Ele contou que, nos anos 1990, o grupo do instituto precisava identificar desafios que justificassem a manutenção do trabalho conjunto com a petrolífera. Com esse intuito, os pesquisadores começaram a desenvolver ferramentas e programas gráfico-interativos para apoio às atividades de engenharia e geologia da companhia. 

Em 1996, uma abertura na lei brasileira permitiu que as empresas pudessem importar software, algo que até então não era permitido por aqui. Com isso, o Tecgraf readaptou seu modelo de trabalho na Petrobras, tornando-se desenvolvedor e integrador. “Como já conhecíamos bem a parte de geociências, a gente não só sobreviveu, mas também cresceu a partir daí”, disse Gatass na live. 

A partir dos anos 2000, o Tecgraf ampliou o escopo dos serviços para todas as áreas da empresa, incluindo sísmica, reservatório, automação, meio ambiente e logística. Outro destaque da atuação se deu em 2007, após a descoberta da camada pré-sal. Na ocasião, os pesquisadores se envolveram não só no desenvolvimento de produtos, mas também no treinamento, consultoria e suporte à estatal, tentando resolver diretamente os problemas enfrentados no contexto do pré-sal. 

Projetos e desafios 

Gattass citou, na live, situações desafiadoras vividas ao longo das décadas de parceria. “O primeiro desafio mais direto que enfrentamos foi quando a Petrobras, no início da exploração marítima, tinha uma frota de navios petroleiros e precisava de uma frota de plataformas”, narrou. Segundo ele, a ideia era aposentar esses navios ou tentar adaptá-los para plataformas novas. “Junto com uma série de cooperações, colocamos um anel gigantesco embaixo dos navios, para que ficassem parados em uma posição. Então, em vez de o navio ser um meio de transporte, ele virou uma unidade estacionária.”

Porém, ocorreu um problema: navios ancorados possuem uma base três vezes maior do que a altura da lâmina da água. Quando há muitas embarcações reunidas num mesmo lugar, existe o risco elevado de uma interferir na operação da outra. E isso pode provocar vazamentos de óleo, um grave problema ambiental. “Sendo assim, desenvolvemos modelos que criassem sistemas para prender as plataformas de forma mais eficiente, evitando a ocorrência de algum desastre”, esclareceu.  

O professor relembrou outro episódio marcante da atuação do grupo do Tecgraf, e que também envolveu a proteção ao meio ambiente. Em 2000, houve o rompimento de um duto da Petrobras, e o despejo de mais de 1 milhão de litros de petróleo no fundo da Baía de Guanabara. O Tecgraf foi chamado para ajudar a analisar o que aconteceu. 

“Um dos nossos papéis foi coordenar diversas unidades do Brasil para fazer uma base de dados geográficos, levantando a sensibilidade de cada trecho da costa brasileira”, contou Gattass. No período, foram desenvolvidos sistemas de combate ao derramamento de óleo.

Gattass também reforçou a importância de se pensar sempre na manutenção desses sistemas, evitando novos derramamentos. Para ele, o aporte tecnológico é fundamental, mas é preciso também se manter em estado de vigília para que os recursos sejam usados de forma efetiva.

Ao longo da live, Gattass respondeu às perguntas do público, que acompanhava em tempo real, e rememorou outras soluções adotadas diante de percalços vividos pela indústria do petróleo. 

Ele destacou ainda a atuação de diferentes áreas do Tecgraf, como o desenvolvimento do sistema Recon MS, voltado para a restauração de modelos geográficos e a avaliação de falhas que possam interferir no ecossistema, e a área de gerenciamento de reservatórios (Geresim), que estuda a produção do reservatório e as formas seguras de trabalhar essa produção.

Por fim, o professor ressaltou que o Tecgraf vem obtendo reconhecimento por seu trabalho. O Instituto tem parceiros de relevo, como as empresas Shell Brasil e Eneva. 

A live do professor Marcelo Gattass faz parte dos seminários de pós-graduação e foi transmitida no YouTube e no Facebook do DI. Inscreva-se no canal, e siga a nossa página para ficar por dentro das novidades!