Estudanteda graduação Karina Tronkos conquistou o prêmio pelo quinto ano consecutivo
Nove alunos de graduação doDepartamento de Informática (DI) da PUC-Rio ganharam o concurso Swift Student Challenge 2021, da Worldwide Developers Conference (WWDC), conferência anual de desenvolvedores da Apple. O desafio premiou projetos de aplicativos utilizando a Swift, linguagem de programação desenvolvida pela empresa. Os estudantes tiveram em torno de 2 semanas para desenvolver um aplicativo de forma individual e conforme as regras da competição.
A aluna Karina Tronkos foi vencedora do desafio mundial pelo quinto ano consecutivo. Pensando sempre na experiência de seus projetos para os usuários, Karina propôs um trabalho voltado à biomimética, área de estudo que se inspira na natureza para desenvolver produtos e serviços mais eficientes e de forma sustentável.
“É inexplicável a sensação de ter o nosso trabalho reconhecido em competições internacionais. Nós, brasileiros, temos muito potencial e busco servir de inspiração, principalmente para meninas na área tech, mostrando que temos muito a conquistar”, afirma a pentacampeã, que trabalha como Product Designer na empresa Hurb e produz conteúdo no perfil do Instagram nina_talks. Em sua rede, que já soma mais de 85 mil seguidores, Karina fala sobre design e tecnologia.
Entre o grupo de 350 estudantes selecionados em todo o mundo, estão ainda os alunos do DI Juliana Prado, Fernando Lobo, Frederico Lacis de Carvalho, Mateus Levi Simões Fernandes, Matheus Pereira Kulick, Matheus Sampaio Moreira, Theo Necyk e Victor Duarte.
“O projeto foi muito especial pra mim, e estou muito agradecida pela colaboração dos meus amigos, colegas e mentores da Apple Developer Academy | PUC-Rio que me ajudaram”, escreveu Juliana Prado, em suas redes sociais.
A parceria Apple Developer Academy | PUC-Rio, criada em 2014, é um programa de estágio e formação para possíveis futuros empreendedores, desenvolvedores e designers de apps para iOS. Coordenada pelo Laboratório de Engenharia de Software (LES), do Departamento de Informática, a Apple Academy da PUC-Rio foi uma das primeiras unidades do projeto no Brasil.
“A iniciativa recruta estudantes de diversos departamentos, é um grupo multidisciplinar. O objetivo é ser um estágio criativo, em que o aprendizado seja feito a partir de desafios. Essa é mesmo uma experiência muito rica para os alunos”, afirma o diretor do DI Markus Endler.
Além de serem convidados a participar da WWDC, os ganhadores têm ainda suas contas de desenvolvedores iOS renovadas por 1 ano na App Store.
Professor Roberto Bigonha (UFMG) participou de live com a professora do DI Noemi Rodriguez. Fotos: Arquivo Pessoal
Professor emérito da UFMG mostrou como o trabalho dos vencedores do Prêmio Turing afeta a computação nos dias de hoje
Considerados o ‘coração’ da ciência da computação, os algoritmos são fundamentais para o desenvolvimento de diversas tecnologias na era digital. Eles formam um conjunto de instruções que informam à máquina como realizar as tarefas programadas. “O trabalho dos cientistas Jeffrey Ullman e Alfred Aho, mostrou como olhar para os algoritmos de uma maneira formal, criando o caminho para entendê-los”, destacou o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Roberto Bigonha durante a live da graduação doDepartamento de Informática (DI) nesta quinta-feira (27).
O professor falou sobre a relevância da pesquisa dos dois vencedores do Prêmio Turing 2020, maior distinção concedida a profissionais da área de computação. A entrevista foi conduzida pela professora Noemi Rodriguez, coordenadora da graduação, e transmitida pelo YouTube e pelo Facebook do DI.
Bigonha e Noemi ressaltaram as importantes contribuições dos premiados para o desenvolvimento da computação no mundo inteiro, principalmente na área de compiladores, que traduzem a linguagem do usuário para a máquina.
“O software impulsiona todos os dispositivos tecnológicos com os quais interagimos no dia a dia, desde telefones celulares até os implementados em empresas. Todos esses aparelhos foram escritos por seres humanos, em linguagem de programação de alto nível, e depois compilados para a linguagem dos computadores. Grande parte dessa tecnologia se deve a Aho e Ullman, direta ou indiretamente”, explicou Bigonha, que fez seu mestrado na PUC-Rio em 1972.
Ullman e Aho iniciaram sua colaboração na década de 1960, depois de concluírem o curso de doutorado na Universidade de Princeton. Nos anos 80, sintetizaram as teorias já existentes e mostraram como passar à prática com técnicas eficientes e precisas. O resultado se concretizou em dois grandes livros: “Compilers: Principles, Techniques, and Tools” e “The Design and Analysis of Computer Algorithms”.
Quando anunciou os vencedores do prêmio Turing 2020, a Association for Computing Machinery (ACM), que concede a distinção anualmente, chamou atenção para a importância destas obras que educaram gerações de cientistas da computação e continuam fazendo sucesso até os dias de hoje.
“Um bom curso de preparação de profissionais da computação deve prover formação e treinamento. O treinamento ajuda a encontrar o primeiro emprego, mas para continuar no mercado, formação é o que interessa. Esse é o foco dos livros de Aho e Ullman: um ‘casamento harmonioso’ entre a teoria e sua aplicação prática”, compartilhou o professor Bigonha durante a apresentação.
A apresentação fez parte da série de seminários da graduação, que ocorre duas vezes por mês. Para não ficar de fora e acompanhar todas as lives do DI, inscreva-se no nosso canal no YouTube e curta nossa página no Facebook!
Professor emérito da UFMG apresenta trabalho dos vencedores do Prêmio Turing, considerado o “Nobel da Computação”
Na próxima quinta-feira (27), o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Roberto Bigonha é o convidado especial da live promovida pela graduação do Departamento de Informática (DI). Ele vai falar sobre a contribuição da pesquisa dos dois vencedores do Prêmio Turing 2020, Jeffrey Ullman e Alfred Aho. A apresentação de Bigonha na quinta-feira, às 18h, no YouTube e no Facebook do DI, será conduzida pela professora Noemi Rodriguez, coordenadora da graduação.
“Achamos que seria importante para os alunos, e também para nós, entendermos sobre esse trabalho que influenciou tão radicalmente a área de implementação de linguagens. Ninguém seria melhor para falar sobre isso do que o professor Roberto Bigonha, que já formou algumas gerações de pesquisadores e profissionais da área”, afirma Noemi.
Ullman e Aho têm importantes contribuições para a computação, principalmente, na área de compiladores. “A programação de tarefas demanda uma comunicação humano-computador, que é realizada por meio de linguagens de programação. O compilador funciona como um tradutor entre o usuário e a máquina”, explica Bigonha.
Em plena era digital, o trabalho de Ullman e Aho tem sido essencial no aperfeiçoamento de algoritmos, destaca a Association for Computing Machinery (ACM), que concede o prêmio anualmente. A sociedade científica ressalta também a importância dos dois ao reunirem seus resultados e de outros pesquisadores em livros importantes da área, que ajudaram gerações de cientistas da computação. Bigonha explica que o sucesso de seus textos, utilizados em todo o mundo até os dias de hoje, é resultado de um “casamento harmonioso” entre a teoria e sua aplicação prática.
A honraria recebida pelos dois acadêmicos carrega o nome de Alan Turing, matemático britânico considerado um dos pais da ciência da computação moderna. Além do reconhecimento, os vencedores dividem ainda o prêmio de US $1 milhão, com apoio do Google, Inc.
Este será mais um seminário da graduação, que ocorre duas vezes por mês. Para não ficar de fora e acompanhar todas as lives do DI, inscreva-se no nosso canal no YouTube e curta nossa página no Facebook!
Professor emérito e um dos fundadores do DI é apaixonado por programação
Hoje é dia de conhecer mais a trajetória de um dos grandes pesquisadores do DI. Vamos apresentar o perfil do professor emérito Arndt von Staa. Confira!
Um interesse que surgiu “por acaso”. É dessa forma que o professor emérito do Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio Arndt von Staa define o seu vínculo com a computação. Tudo começou durante a graduação em Engenharia Mecânica, cursada na própria PUC-Rio. A curiosidade despertada no jovem von Staa frutificou, e ele veio a se tornar um dos pioneiros da área de computação no Brasil, e também um dos fundadores do departamento.
“No segundo semestre do segundo ano (em 1962), eu não tinha nada para fazer à tarde. Um dia, o Padre Amaral, então coordenador do curso de Engenharia da PUC-Rio, apareceu no corredor e me contou do curso de programação que a universidade ia oferecer. Falou que eu provavelmente iria gostar, e achei interessante”, contou o professor em live com a professora e coordenadora da graduação, Noemi Rodriguez.
Depois, ele passou a estagiar no Centro de Processamento de Dados (CPD) da universidade, e ajudou a desenvolver um programa para a simulação da operação de reservatórios de hidroelétricas. A partir dali, foi participando de outros projetos, até que… o mero interesse havia se tornado “fascínio”, como diz o próprio no artigo “História da Computação – Uma visão personalista”. No texto, o professor fala de sua trajetória profissional e da evolução da computação ao longo do tempo.
Formado engenheiro mecânico, von Staa conseguiu, em 1966, uma bolsa para fazer um curso de extensão em Stuttgart, na Alemanha, onde permaneceu por um ano e meio. Quando retornou ao Brasil, abraçou um dos projetos mais desafiadores de sua carreira: a fundação do DI e também do primeiro programa de pós-graduação em Informática do Brasil.
Primeiros anos e carreira no DI
Podemos dizer que a história do departamento, que tanto se confunde com a de von Staa, teve início não em 1967, mas em 1960, quando a PUC-Rio foi escolhida para sediar o primeiro computador instalado no Brasil: o Burroughs Datatron B-205. Nos anos seguintes, a universidade começou a receber outras máquinas, como a B-200, a IBM 1130 e a IBM 7044. Todas elas foram operadas por von Staa em algum momento.
Em meados de 1967, o campus da Gávea tinha o maior centro de computação científica do Brasil. Ainda no Departamento de Matemática, von Staa e demais professores, como Carlos Lucena, Antônio Furtado, Luiz Martins, Roberto Lins de Carvalho e Sérgio Carvalho, começaram a cursar um novo mestrado na universidade. Mas não só isso: eles também estavam lecionando nesse mesmo programa.
Professor von Staa recebe título de emérito pela contribuição à Universidade e ao meio acadêmico. Foto: Acervo Comunicar/PUC-Rio
O professor emérito afirma que o mestrado se desenvolveu por meio de um processo conhecido como bootstrap – ou seja, desenvolver algo usando esta mesma coisa como instrumento. “Cada um tinha que ensinar alguma coisa para os demais. Por exemplo: alguém era responsável por ensinar linguagens de programação, enquanto outro tinha que transmitir os conhecimentos em sistemas operacionais, e por aí vai. Eu tive que ensinar estruturas de dados”, relembrou.
O DI foi criado oficialmente no final de 1967, e começou a operar formalmente em março de 1968, tendo como primeiro coordenador de pós-graduação o professor Lucena. O professor Antonio Cesar Olinto foi o primeiro diretor. Em outras ocasiões, von Staa também assumiu esses dois cargos – o primeiro por seis anos, e o segundo por dez anos.
Sua vivência na PUC-Rio não parou por aí: ele também participou na criação do programa de doutorado, foi decano interino do Centro Técnico Científico (CTC), apoiou a criação do Instituto Gênesis, organizou o início do LabDI. Destacou-se por defender a existência e criação dos laboratórios temáticos, e implementou o financiamento de parte do DI com base em laboratórios temáticos. E também pelo ofício de professor dos programas de graduação e pós-graduação do departamento. Aposentou-se em 2016, e se tornou professor emérito.
“Ele sempre foi um professor de excelência, principalmente em relação à formação dos alunos, que saíam de sua disciplina com competência e conhecimento muito maiores do que entraram”, testemunha o professor e amigo Marcelo Gattass. A boa relação com os estudantes é lembrada pela professora Noemi Rodriguez: “O seu comportamento cortês era muito percebido pelos alunos. Ele sempre estava interessado no trabalho deles, e era muito envolvido com cada um de seus orientados”.
Paixão por programação
Durante o trabalho como professor do departamento, von Staa lecionou uma de suas áreas preferidas: a programação. “Ele é um excelente programador. Estava sempre desenvolvendo ferramentas, e sempre falou com uma experiência muito grande do próprio trabalho”, frisou Noemi.
Arndt von Staa em live com a professora e coordenadora da graduação, Noemi Rodriguez. Foto: Reprodução
Um dos programas desenvolvidos por ele foi o Talisman, um meta-ambiente de engenharia de software assistido por computador que apoia a especificação, arquitetura, projeto e desenvolvimento de software. “Foi extremamente interessante desenvolvê-lo. Levou mais ou menos cinco, seis anos de trabalho”, relatou o professor, na live com Noemi. Na mesma apresentação, ele confirmou que seu propósito era escrever programas que o ajudassem a resolver um desafio, e que se divertia com essa tarefa.
“Ele sempre procurou fazer as coisas de forma prática e rigorosa. Tinha uma certa obsessão para que os programas estivessem certos, e sempre buscou maneiras de que os profissionais formados pelo DI tivessem muita responsabilidade em seus trabalhos”, afirmou Gattass.
Outras passagens importantes de vida profissional de von Staa foram em 1974, quando se titulou PhD em Ciência da Computação pela Universidade de Waterloo, e em 2008, ano em que foi inscrito na Ordem do Mérito Científico e Tecnológico no grau de comendador. O professor é também membro titular da Academia Nacional de Engenharia.
Ele já revelou que não gosta de escrever artigos, e que tem o vício de achar que tudo que faz se baseia em conceitos óbvios. “O que me deixa feliz é ter a impressão que, embora esteja tecnicamente obsoleto hoje, estive na frente da onda até não muito tempo atrás”, escreveu no artigo “História da Computação – Uma visão personalista”. Mais do que isso: von Staa é símbolo do DI e da história da informática no Brasil.
Professor acredita que programação deve fazer parte da educação básica, assim como aritmética
“Eu diria que todo cidadão teria que saber programar, assim como sabe fazer aritmética. Esse é o novo mundo. Não é só usar os gadgets, celulares e computadores, mas sim saber a essência do raciocínio computacional e da programação”. A declaração do professor Bruno Feijó, no seminário online “Jogos e Entretenimento Digital: a busca pelo profissional híbrido“, na quinta-feira (26), alerta para a necessidade de formar profissionais preparados para o novo mercado de trabalho.
Com uma trajetória pautada na interdisciplinaridade — graduação em Engenharia Aeronáutica, mestrado em Engenharia Civil e doutorado em Computer-Aided Design (desenho auxiliado por computador) — Feijó é um entusiasta de uma formação educacional híbrida e transdisciplinar. Ele inclusive é coformulador do Curso Multimídia para Ensino Médio Profissionalizante do NAVE/Oi Futuro, um dois projetos que visam a aplicação desse conceito.
“É um ser híbrido que temos que formar. Voltei meu olhar para o Ensino Médio, participei da criação de uma experiência em que se colocava com muita intensidade a formação em computação e fiquei depois convencido de que problema ainda anterior, no Fundamental. Por isso, investi tanto tempo nessa preocupação com a programação em si e com a educação mais básica. É essencial isso. O novo ser é um ser híbrido e transdisciplinar. E temos que criar isso na graduação ou até antes”, declarou Feijó.
O pesquisador ressaltou que, mais do que interdisciplinar, se faz necessária uma educação transdisciplinar, que vá além de cada uma das áreas isoladas, sintetizando novos conceitos, rompendo as paredes entre departamentos e disciplinas, a fim de preparar as pessoas para uma nova realidade. “Isso é um conceito que eu diria que é do século XXI: transdisciplinaridade. Formar as pessoas para isso é uma prioridade, na minha opinião. Estamos caminhando para uma universidade diferente do que o imaginado já há muito tempo, com as coisas muito separadas e puras em cada um dos seus nichos”, disse.