Departamento de Informática da PUC-Rio e o laboratório ICAD/VisionLab colocam estudantes no mapa dos grandes desenvolvedores de jogos
Os eletrônicos vêm se modificando ao longo dos anos com a chegada de novas tecnologias e a indústria de desenvolvimento de jogos tem acompanhado esse avanço. Com a ascensão do Metaverso e a evolução da Ciência da Computação, não é exagero dizer que o futuro reserva grandes oportunidades para os fabricantes e criadores de games.
Alunos com passagem pelo DI e ICAD tem se encontrado no mercado de desenvolvimento de jogos
Há algum tempo, o mercado dos jogos tem recebido mais atenção do mundo, gerando mais receita e movimentando mais dinheiro. A complexidade de funções e áreas por trás do que é preciso para que os grandes games comecem a ser desenvolvidos é muito grande, e quem passa pelo Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio adquire importantes ensinamentos e ferramentas para ingressar nesse mercado.
O ICAD / VisionLab, Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em Visualização, TV / Cinema Digital e Jogos da PUC-Rio, cria um ambiente propício para deixar os estudantes preparados para encarar essa indústria tão complexa. O professor do quadro complementar no DI Augusto Baffa, coordenador de projetos do laboratório, destaca a importância do ICAD / VisionLab, no processo de formação dos alunos.
“Temos no projeto estudantes do DI, Artes e Design, e Comunicação. O processo de criação de jogos é misto pois é necessária a sonorização, a história, o design e a programação. Nós procuramos criar um ambiente com etapas de um projeto de mercado, porém dando a liberdade para que eles façam as escolhas e entendam as consequências. Desta forma, caso os alunos tropecem, que seja neste local controlado, e não no profissional.” explicou.
O ex-aluno de mestrado do DI Gustavo Nunes foi um dos que seguiu carreira no mundo dos games. Após passar alguns anos em uma na divisão da XBOX na Microsoft, o atual Engenheiro de Software da Netflix, segue trabalhando com a tecnologia usada em jogos.
“A minha educação no DI foi fundamental para minha inserção no mercado de jogos. A pesquisa que eu fiz orientado pelo Prof. Feijó e Prof. Raposo, foi voltada para a área de Computação Gráfica, que é onde eu me especializei profissionalmente. Inclusive, após trabalhar anos na divisão do Xbox da Microsoft, no desenvolvimento de jogos, eu hoje trabalho na Netflix, usando o mesmo tipo de tecnologia na área gráfica. O DI é extremamente forte em Computação Gráfica, e eu sempre quis ter um currículo bem competitivo, porque meu objetivo era entrar no mercado internacional. Acho que uma das maiores ferramentas que aprendi foi a capacidade de ler, publicar e implementar pesquisas na área”, contou.
Quem também seguiu o mesmo caminho foi Lucas Machado, ex-aluno de mestrado do Departamento, que hoje é CTO da empresa Prota Games, em São Paulo. Lucas destacou seu aprendizado no DI e também no ICAD.
“O Departamento de Informática e o ICAD /VisonLab me deram ensinamentos e oportunidades valiosas para que eu conseguisse aprender sobre produção de games. Foi em cima desse aprendizado que atraí investimento para montar meu Studio. O time de professores e alunos é muito competente, gostei muito do meu período na PUC-Rio.” afirmou.
Responsável pela formação de inúmeros profissionais na área de jogos, o Baffa compartilhou importantes dicas para quem quer trabalhar com o desenvolvimento de games.
“Primeiramente é importante gostar muito de jogos e conhecer diversos títulos e estilos. Isso faz com que o aluno saiba decidir o que é bom ou ruim e quais as possibilidades para as suas criações. Também é necessário nunca desistir de um projeto e continuar sempre aprendendo. Em muitos momentos no desenvolvimento, há desafios que devem ser superados e nem sempre são fáceis. É importante estudar como resolver estes problemas que podem ser de cunho tecnológico ou mesmo artístico. Por fim, o estudante deve ler muitas histórias e estudar as narrativas de jogos. Isso ajuda a enriquecer o enredo e muitas vezes pode trazer diferenciais como base na história da humanidade, arquitetura, sci-fi, comics etc.”, concluiu.
Autor: Luciana de Sá Silva Perciliano
Orientador: Sergio Lifschitz
Data e Hora: 21/12/2021 às 16:00
Professora da Universidade Monash, na Austrália, foi a palestrante do Conexão Rio-Campinas nesta quarta (15)
Com mais de 15 anos de experiência na exploração relacionada a práticas ágeis em projetos de software, comportamentos das pessoas e processos em Engenharia de Software, a professora da Universidade Monash, na Austrália, Rashina Hoda, dividiu seu conhecimento nesta quarta-feira (15) durante live promovida pela Conexão Rio-Campinas. O projeto é uma parceria entre o Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio e o Instituto de Computação (IC) da Universidade de Campinas (Unicamp) que promove debates e intercâmbios de conhecimento em Computação e tecnologias relacionadas.
Rashina Hoda concentra sua pesquisa em pessoas e processos da Engenharia de Software
Na apresentação, Rashina compartilhou ideias sobre as diretrizes de uma teoria sociotécnica fundamentada (STGT), versão moderna do método da Teoria Fundamentada nos Dados, tema sobre o qual ela está escrevendo um livro. A professora também explicou em detalhes a utilização da “Grouded Theory” (GT), método detalhado de pesquisa sociológica, muito usado na área de Engenharia de Software, e tirou dúvidas de quem acompanhou a live.
“O método GT, introduzido pelos sociólogos Barney Glaser e Aslem Strauss em 1967 é um processo sistemático e rigoroso, um ‘mergulho profundo’ em algum fenômeno social com foco no “como” e também no “porquê” dos fenômenos. É uma abordagem indutiva para geração de teorias baseada em evidências com um método de análise de dados poderoso em seu núcleo”, contou a pesquisadora. Ela é uma das Superstars do STEM 2021-2022 (Science, Technology, Engineering and Mathematics), evento que reconhece profissionais e educadores da área na Austrália.
O conteúdo apresentado por Hoda foi baseado no artigo que a pesquisadora publicou recentemente na revista científica IEEE Transactions on Software Engineering (TSE) (https://www.computer.org/csdl/journal/ts/5555/01/09520216/1wdNUjN9744), o principal periódico desta área no mundo.
A especialista em práticas ágeis falou sobre o aumento da popularidade do método apresentado nos últimos anos e pontuou que ele inclusive é popular em diferentes áreas. Apesar deste crescimento, principalmente nas pesquisas em Engenharia de Software, Hoda explicou que os métodos ainda podem ser utilizados de forma incorreta caso não haja um aprofundamento na teoria.
“Infelizmente existe o uso de má qualidade da Grouded Theory. Muitas vezes não sabem detalhes suficientes ao utilizá-lo, sem referências das diretrizes e fazendo uso indevido dele. Por isso, é importante que o método seja aplicado da forma correta, pois usando de um jeito pobre e sem conhecimento prático, fatalmente vai gerar importantes erros como uma apresentação de má qualidade ou confusão de escopo”, disse.
Durante a live, a professora também abordou sobre Socio-Thechnical Grounded Theory (STGT) em engenharia de software, assunto que foi escolhido para ser o tema do evento. Além de explicar o método, Rashina deu dicas sobre as habilidades necessárias para a utilização da teoria.
“A STGT é um método de pesquisa interativa e incremental para a realização de pesquisas sociotécnicas usando dados tradicionais, modernos e técnicas de pesquisa para gerar teorias novas, modificáveis e úteis. Ela é feita com rodadas intercaladas de coleta e análise de dados básicos e avançados, análise e desenvolvimento”, explicou
De acordo com a pesquisadora, para que o método seja bem utilizado, é muito importante que quem o pratique possua alguns fundamentos filosóficos, ontologia, epistemologia, paradigmas de pesquisa, habilidades de pesquisa qualitativa, sensibilidade teórica, sócio-sensibilidade técnica e também conhecimento de domínio.
A teoria, segundo a professora, é importante pois aproveita fontes e tipos de dados modernos, explora diferentes visões de mundo de pesquisa (positivista, construtiva e pragmatista), incentiva estudos interdisciplinares de fenômenos sócio-técnicos e possibilita diretrizes de avaliação avançada para resultados intermediários e maduros. Essas são uma das razões citadas por Rashina para o utilização da Socio-Technical Grouded Theory.
Se você perdeu a live com Rashina Hoda, o vídeo completo está disponível no canal do YouTube do Departamento de Informática da PUC-Rio. Fique sempre ligado nas nossas redes sociais para saber sobre novidades deste e de outros muitos projetos!
Uma das principais palestrantes da Europa em inovação digital, CEO da Stellar Capacity participou do Conexão Rio-Campinas
Uma das principais palestrantes da Europa de temas como a inovação digital, o efeito das novas tecnologias para os cidadãos na sociedade, na liderança e nos mercados globais, a sueca Claudia Olsson fez na quinta-feira (9) uma conversa exclusiva com o Conexão Rio-Campinas, parceria entre o Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio e o Instituto de Computação (IC) da Universidade de Campinas (Unicamp), que promove debates e intercâmbios de conhecimento em computação e tecnologias.
Olsson falou sobre as perspectivas de mudanças futuras no meio científico
Na palestra, Olsson, que é fundadora e CEO da escola sueca de transformação digital Stellar Capacity, fez um panorama sobre as adaptações necessárias às constantes mudanças da tecnologia. Para ela, profissionais da área e, principalmente, as novas gerações precisam estar conscientes do impacto que essas atualizações terão sobre a indústria para que absorvam as habilidades necessárias ao mercado.
Olsson falou também sobre as perspectivas de mudanças futuras no meio científico e as habilidades que os profissionais da área precisam absorver para a introdução ao mercado tecnológico. E deu como exemplo sua própria trajetória.
“Devo muito aos programas de treinamento executivo nas Universidades de Oxford, Harvard Kennedy School e ao Seminário Internacional de Ciência e Juventude de Estocolmo, na Suécia, que foram determinantes para a minha formação e inspiração no meio tecnológico. Essas experiências me deram o conteúdo e ferramentas necessárias para que eu chegasse onde estou hoje”, contou.
Além da formação continuada, é preciso também uma mentalidade ágil que se adapte a essas mudanças, opinou Olsson, que foi nomeada Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial.
“Acredito que formas originais de liderança serão exigidas, moldando uma cultura voltada para o futuro e para a geração de resultados. O mundo estará interconectado nas próximas gerações. A indústria e os funcionários precisam estar preparados para essas mudanças”.
Na palestra, a pesquisadora destacou também as melhores práticas que líderes digitais têm adotado e também forneceu insights sobre como aproveitar as novas ciências para causar mais impactos positivos. Olsson citou exemplos dessa nova tecnologia no mundo moderno que foram utilizados durante a pandemia da Covid-19.
“O impacto tecnológico já pode ser notado, e a pandemia nos deu bons exemplos disso. Um sistema de robôs autônomos para entregas sem contato pode ser visto durante a pandemia. Em cidades de países como a Estônia, foram disponibilizadas máquinas de delivery. Em áreas rurais e remotas isoladas da província de Hebei, na China, a Jd.com (empresa chinesa de comércio eletrônico) usou drones com raio de vôo de 5 km e capacidade de 50 kg para entregar produtos durante o lockdown. Isso é uma prova de como a ciência se desenvolve, se adapta e pode impactar positivamente na vida das pessoas”, argumentou.
A pesquisadora ensinou ainda aos participantes as principais habilidades que precisam ser desenvolvidas para que as pessoas continuem relevantes em um mundo em mudança. De acordo com Olsson, as cinco competências mais procuradas são a criatividade, a persuasão, a colaboração, a adaptabilidade e a inteligência emocional. Já as habilidades práticas mais exigidas, segundo ela, são a tecnologia blockchain, noção de computação em nuvem, raciocínio analítico, inteligência artificial e Design de UX.
“A demanda por habilidades está mudando, será importante ter como prioridade a capacidade analítica e de inovação, de resolução de problemas, pensamento crítico, criatividade, originalidade, iniciativa e liderança, entre outras”, exemplificou.
Para a cientista, mudanças na hierarquia serão vistas no futuro e todos precisam ter acesso à informação. Será necessário, afirmou, que cada trabalhador da área científica seja líder de si mesmo para uma rápida adequação às mudanças do mercado. O conhecimento e a necessidade de aprender são determinantes para as futuras profissões envolvendo a tecnologia. É fundamental, concluiu a pesquisadora, começar a caminhar nessa direção.
“Ensinamos habilidades que os robôs não podem substituir, junte-se a nós na revolução do aprendizado profissional”, finalizou.
O Conexão Rio-Campinas promove palestras e debates online mensais com grandes nomes da Ciência da Computação e pesquisadores do DI da PUC-Rio e do IC/Unicamp. Se inscreva no canal de YouTube do Departamento de Informática da PUC-Rio e fique sempre ligado nas nossas redes sociais para saber sobre novidades deste e de outros muitos projetos!
Autor: Jan José Hurtado Jauregui
Orientador: Marcelo Gattass
Data e Hora: 15/12/2021 às 14:00
Novidade pode colocar Brasil no mapa dos grandes desenvolvedores da tecnologia; Seleção de alunos está aberta
O Departamento de Informática da PUC-Rio está criando um laboratório de Inteligência Artificial (IA) que poderá projetar o Brasil como um dos grandes desenvolvedores dessa tecnologia. O novo centro, que está sendo implementado pelo professor Fundação Behring de Inteligência Artificial do DI, Jônatas Wehrmann, e pelos professores Eduardo Laber e Marco Molinaro, já funciona em fase piloto e ficará totalmente pronto no início de 2022. Alunos interessados na ferramenta também podem se inscrever para fazer parte do projeto.
O laboratório vai buscar explorar o enorme potencial de descobertas revolucionárias que devem surgir em IA
O laboratório, segundo Wehrmann, vai buscar explorar o enorme potencial de descobertas revolucionárias que devem surgir ao longo dos próximos anos em IA. E, com isso, colocar o Brasil no mapa dos grandes desenvolvedores de tecnologia. “A Inteligência Artificial vai causar uma onda de revoluções, similar à causada pela revolução industrial, e vai demandar novos empregos e muita mão de obra. É importante para nosso departamento se manter atual e atuar nessa área, que é uma das mais quentes em pesquisa tecnológica que temos hoje em dia. Dessa forma, continuaremos a formar ótimos pesquisadores, profissionais e humanos éticos e responsáveis pelas suas criações”, resumiu.
O novo laboratório, segundo Wehrmann, vai possibilitar ao DI desenvolver novos métodos avançando o estado-da-arte de várias tarefas, como o auxílio no diagnóstico de exames de imagens; a descrição automática de imagens – o closed caption automático-; o treinamento de sistemas com limitação de tempo ou hardware; o desenvolvimento de sistemas justos e seguros; e modelos criativos que conseguem gerar imagens, escrever histórias e músicas, além de modelos multi-linguais, permitindo a aplicação do que há de mais moderno no Brasil para ajudar no desenvolvimento da sociedade local.
E alunos que queiram participar das pesquisas também podem participar. O laboratório está ativamente selecionando quem tem interesse em trabalhar com IA, aprendizado de máquina ou deep learning. Interessados devem enviar e-mail para: wehrmann@puc-rio.br.
Os estudos devem gerar também uma produção ainda maior de pesquisas de ponta do DI, segundo Werhmann, que desenvolve o projeto com o apoio do diretor do Departamento, Markus Endler. Apesar de ainda não ter sido inaugurado oficialmente, o laboratório já está com o conteúdo em pleno desenvolvimento e terá a participação de alunos.
“Nós convidamos alguns alunos para participar e estamos periodicamente discutindo ideias, projetos, além de revisar as pesquisas que estão em andamento. A colaboração é um fator importantíssimo na realização de pesquisa de qualidade. Com mais professores e alunos, há mais compartilhamento de ideias e refinamento, além de potencializar as trocas sociais. Os alunos podem se ajudar, se envolver em diferentes projetos, e fazer pesquisa de ponta. Além de que vários dos meus melhores amigos vieram do laboratório de pesquisa no qual eu atuei, então é algo que eu gostaria de proporcionar aos alunos”, disse.
A Fundação Behring, que neste ano fez uma parceria inédita com o DI, é no momento a maior apoiadora do projeto, segundo o professor. Ela financia a compra de equipamentos e algumas bolsas de pesquisa. Está em processo também a comunicação com mais empresas que demonstraram interesse em participar do desenvolvimento e, por conta disso, o DI deve disponibilizar ainda mais bolsas, além da possibilidade de desenvolvimento de projetos nacionais e internacionais.
A ideia, ainda segundo Wehrmann, é que o laboratório tenha projetos aplicados mas também realize pesquisas de base, algo muito raro no país. “Pesquisas de base podem levar mais tempo para dar resultados, mas as possíveis implicações têm potencial de beneficiar virtualmente todas as aplicações da tecnologia. O intuito é conseguir um desenvolvimento seguro e ético, trazendo mais garantias de segurança no uso da IA na resolução dos problemas do mundo”, concluiu.
Para Baeza-Yates, nunca teremos uma IA ética sem humanos éticos
Um dos principais nomes na área, pesquisador e professor da Northeastern University, EUA, defendeu regulação e cautela no desenvolvimento de soluções baseadas em IA durante live da Conexão Rio-Campinas
É preciso ter mais conscientização e atenção aos limites do uso da Inteligência Artificial (IA). A recomendação vale tanto para desenvolvedores como para usuários de soluções baseadas em IA, que deverá passar por uma série de regulamentações nos próximos anos. A avaliação é do diretor de pesquisas do Instituto de Inteligência Artificial Experimental da Universidade Northeastern, Ricardo Baeza-Yates, que foi o palestrante do último Conexão Rio-Campinas, parceria entre o Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio e o Instituto de Computação (IC) da Universidade de Campinas (Unicamp). O projeto promove palestras e debates sobre vários aspectos de computação e tecnologias, bem como seus impactos na sociedade.
“Nós nunca teremos uma Inteligência Artificial ética sem humanos éticos. Os sistemas de IA são tão somente um espelho de nós. Como diz Yuval Harari, quando avançamos nas tecnologias de computação e IA nós estamos ‘brincando de Deus’, e por isso temos que ser bem responsáveis na forma de implementar e treinar os nossos sistemas”, defendeu o pesquisador chileno-catalão, uma das principais autoridades em ética na Inteligência Artificial do mundo.
Durante a palestra virtual, que teve também a participação do diretor do DI, Markus Endler, e do professor do IC Anderson Rocha, Baeza-Yates defendeu que essa responsabilidade deve vir de todos os lados. “Se o usuário estiver atento a isso, se o sistema estiver atento e se o desenvolvedor também, tudo será bem melhor”, completou.
Um dos primeiros passos dessa atenção constante, para o pesquisador, deve ser a avaliação sobre a qualidade e possíveis vieses dos dados que que são usados para treinar os algoritmos. Ao usar dados tendenciosos para criar algoritmos, os desenvolvedores vão gerar também percepções tendenciosas por parte dos usuários, que poderão ser amplificadas a partir do próprio algoritmo ou técnica e IA empregada.
O pesquisador, que já ocupou a vice-presidência do setor de pesquisas do Yahoo Labs, em Barcelona, na Espanha, e na Califórnia, nos Estados Unidos, disse ainda que prevê uma série de regulamentações no campo da IA ao longo dos próximos anos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.
Ele apresentou alguns exemplos de decisões judiciais já em vigor que apontam para essa tendência, como a de um tribunal da França que, em 2020, proibiu uma escola na cidade de Nice e outra na de Marselha de usarem a biometria facial para o reconhecimento dos alunos por vídeo. O caso, embora isolado, é um bom exemplo do que deve ser avaliado por usuários para o uso de um sistema baseado utilizando Inteligência Artificial, na visão de Baeza-Yates.
“Temos que usar sempre o consenso e a proporcionalidade. Nesse caso, a solução não era proporcional ao problema em questão, que neste caso era verificar a presença dos alunos. Não precisamos filmar tudo e o tempo todo nas escolas”, argumentou.
No caso dos Estados Unidos, o pesquisador citou leis já existentes, como a Lei de Responsabilização Algorítmica, que a Câmara dos Deputados do país aprovou também em 2019. A matéria estabelece regras de transparência e responsabilidade a entidades comerciais que utilizam algoritmos para coletar e processar dados pessoais de consumidores.
Na conversa virtual, Baeza-Yates alertou para a fraca regulamentação jurídica existente na América Latina, com exceções em países como Colômbia, Costa Rica, Brasil e Argentina. E defendeu uma coordenação dentro da região para garantir ferramentas justas e também investimentos. “Se as regulamentações forem diferentes, as empresas irão a outro lugar”.
O diretor do DI questionou durante a live se a série de desafios apresentados pelo pesquisador não seriam uma “consequência natural por estarmos desenvolvendo tantos sistemas de forma tão veloz e olhando sempre para os lucros, sem tempo para pensar com a profundidade adequada nos efeitos do uso desses sistemas”.
“Talvez as empresas de tecnologia e seus desenvolvedores deveriam dedicar mais tempo para pensar se seus sistemas são justos e isentos, se podem eventualmente prejudicar pessoas, e se estão alcançando as predições adequadas. O problema é que, atualmente, temos que fazer as predições ao mesmo tempo”, completou Endler. Para Baeza-Yates, um dos caminhos é que engenheiros aprendam mais sobre ética em tecnologias.
O Conexão Rio-Campinas promove palestras e debates online mensais com grandes nomes da Ciência da Computação e pesquisadores do DI da PUC-Rio e do IC/Unicamp.. Se você perdeu a live com Ricardo Baeza-Yates, o vídeo completo está disponível desde sexta-feira (26) no canal de YouTube do Departamento de Informática da PUC-Rio. Fique sempre ligado nas nossas redes sociais para saber sobre novidades deste e de outros muitos projetos!
Em live da graduação, professor do quadro complementar do DI destacou a importância da motivação para se destacar no mercado de games
A infância marcada pelo uso de computadores e pelo fascínio por jogos explica em parte o interesse e a dedicação do Doutor em Informática e professor do quadro complementar do Departamento de Informática da PUC-Rio (DI) Augusto Baffa pelo mundo dos games e da Inteligência Artificial. Foi o que ele contou na Live da Graduação do DI na noite de quinta-feira (25).
Baffa já mexia em computadores durante sua infância
Convidado pela coordenadora da graduação, a professora Noemi Rodriguez, para a edição desta semana da conversa virtual, o professor contou partes de sua caminhada na Ciência da Computação, no desenvolvimento de jogos e de seu trabalho no Laboratório de Visualização, TV/Cinema Digitais e Jogos do DI (ICAD/VisionLab).
O bate-papo, que aconteceu na quinta-feira (25), está disponível na íntegra no canal do DI no YouTube.
O professor explicou que a motivação inicial para estudar computação começou na infância, mas foi um pequeno desvio de percurso o que o levou a ingressar no curso.
“Eu era uma das poucas pessoas dos anos 1980 que praticamente nasceram com um computador. Já aos 3 anos, eu brincava com máquinas muito antigas e cresci em uma época onde tudo era console. Sem internet, tínhamos que digitar os games e acabávamos aprendendo por osmose a programar. Fui acompanhando a tecnologia, a linguagem da época e achava a computação algo interessante, mas não me via fazendo aquilo pelo resto da vida. Até por influência de um primo do meu pai, que era da área de computação, imaginei fazer Engenharia de Produção, que é algo mais abrangente. Mas o campus para o qual eu passei era muito longe, então fui parar na Computação”, contou.
Baffa iniciou sua caminhada na PUC-Rio em 2014, tornando-se professor do quadro complementar no Departamento de Informática. No processo, enquanto dava aulas na disciplina Introdução à Engenharia, colaborou, com ajuda de outros professores, a dar início à matéria de Inteligência Artificial (IA), voltada para o desenvolvimento de jogos.
“Como todo aluno de graduação, eu queria fazer jogos, que é a área ‘Fórmula 1’ da computação, horizontal entre várias disciplinas. No caso da Inteligência Artificial, sempre tivemos a visão de um aprendizado lúdico usando jogos. A intenção era introduzir a IA para trazer essa a interatividade na resolução dos problemas ”, explicou.
O professor contou ainda como o aprendizado de máquina, tema da live, vem sendo incorporado no mercado para o desenvolvimento de jogos na indústria.
“Temos várias linhas de pesquisas, seja o aprendizado para reforço de machine learning ou outros aspectos na geração de conteúdo. Temos a narrativa do jogo, a história do jogo, a geração de fases e também a criação musical. Além disso, usamos métodos como redes neurais, regressões e data sets para realizar a analytics do usuário, o que colabora diretamente para entender o que é preciso para fazer o jogo e torná-lo interessante. Existem muitos games que usam algoritmos para observar a interação com o usuário, classificar esse jogador em algum tipo de perfil e, em cima disso, ajustar a própria dificuldade do jogo”, comentou.
No comando do ICAD/VisionLab, o Doutor em Informática falou sobre o processo de aprendizado dos alunos. Segundo Augusto Baffa, a ideia é que eles saiam como profissionais independentes e prontos para encarar o mercado dos jogos.
“No ICAD trabalhamos com duas linhas praticamente, a linha da graduação, que é um grupo de alunos que trabalha com desenvolvimentos de jogos e, em paralelo, temos a pós-graduação, onde trabalhamos com a pesquisa em si. Na graduação priorizamos o desenvolvimento do jogo de forma totalmente livre, onde só direcionamos os alunos, fazendo com que eles ganhem uma certa independência na criação. A ideia é que eles saiam prontos do laboratório”, explicou.
E como é costumeiro nas Lives da Graduação, o professor também contou à professora Noemi o que o mercado valoriza no profissional de computação focado na área de desenvolvimento de jogos.
“É preciso mostrar vontade de aprender e se acostumar a buscar soluções. É fundamental para pesquisa em modos gerais. Se a pessoa tiver essa motivação ela é mais capaz de aprender o algoritmo e a linguagem da computação. Claro, é importante conhecer bem os fundamentos, os dados e softwares para ter uma solução mais rápida para entregar aos seus contratantes. As tecnologias mudam a cada cinco anos, então esteja sempre atualizado”, finalizou.
Lista internacional “CSRankings” compara as principais instituições de ciência da computação do mundo
Com uma produção intensa de artigos científicos, o Departamento de Informática (DI) da PUC-Rio lidera o “CSRankings” na América do Sul! O “CSRankings” avalia a produção das principais instituições de ciência da computação do mundo de acordo com métricas objetivas. O cálculo é feito com base no número de publicações do corpo docente que apareceram nas conferências de maior prestígio de cada uma das áreas ligadas à ciência da computação. A lista completa pode ser conferida clicando aqui.
O ranking enumera as principais instituições de ciência da computação em toda a América do Sul
O professor Marcos Kalinowski, coordenador do programa de pós-graduação do DI, destacou o significado dessa liderança. “Nosso foco sempre foi a qualidade da pesquisa, as publicações são apenas uma consequência. Obter a liderança na América do Sul em um ranking internacional focado em publicações de extrema qualidade reflete de forma autêntica o impacto e o caráter inovador da nossa produção intelectual! Ficamos muito felizes com esse resultado, fruto de muito trabalho de um departamento unido, que se renova com qualidade e que não mede esforços para inovar e para buscar seu contínuo aperfeiçoamento”, afirma Kalinowski.
O resultado reflete a qualidade do corpo docente do DI, formado por 23 professores atuantes na pós-graduação, todos com importantes contribuições para as pesquisas nas suas respectivas áreas. Centro de excelência em ensino e pesquisa, o Departamento foi pioneiro ao criar a primeira pós-graduação stricto sensu na área de computação no Brasil, em 1967. Com conceito máximo (7) na Capes desde a avaliação começou a ser realizada, o DI tem histórico de pesquisas de impacto e forma muitos dos principais pesquisadores da área de ciência da computação do país.
Para quem desejar estudar com este time de professores e desenvolver pesquisas de alto nível, o processo de seleção para o Mestrado e o Doutorado está com inscrições abertas até 29 de Novembro. Uma novidade é que neste ano os cursos serão híbridos, com aulas presenciais que permitem também o acompanhamento remoto. Clique aqui para acessar o edital.
Sistema ‘Smart Tocha’ aplica técnicas de análise de imagens e aprendizado de máquina com contínua geração de imagens da queima para abrir e fechar válvulas
Cada vez mais presente no mundo moderno, a Inteligência Artificial (IA) tem transformado a relação da sociedade com o digital nos últimos anos e se tornou a mais nova etapa da evolução tecnológica. Em parceria com o Departamento de Informática da PUC-Rio e seguindo a tendência mundial de uso dessa tecnologia, a Petrobras começou a aplicar essa tecnologia em suas refinarias, buscando a transformação digital em seus processos industriais.
Petrobras começou a aplicar a Inteligência Artificial em suas refinarias
Um novo sistema de IA e automação foi implantado com o apoio da equipe da iniciativa ExACTa PUC-Rio (www.exacta.inf.puc-rio.br), que é coordenada pelos professores do DI Hélio Lopes, Simone Barbosa, Marcos Kalinowski e Marcus Poggi, para controlar a qualidade da queima de gases nas tochas das plantas. Batizado de “Smart Tocha”, o sistema aplica técnicas de análise de imagens e aprendizado de máquina com a contínua geração de imagens da queima para automatizar a tomada de decisão na operação.
Trata-se de uma parceria entre o DI da PUC-Rio e a Petrobras – através de um termo de cooperação da ExACTa com o Cenpes (Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação da Petrobras), com participação integrada das áreas de Refino e TIC. O sistema proporciona economia de vapor, o que resulta em melhor eficiência energética, além de manter a queima de forma segura para o meio ambiente. Seis refinarias da Petrobras já o adotaram: Presidente Getúlio Vargas (Repar), Presidente Bernardes (RPBC), Henrique Lage (Revap), Duque de Caxias (Reduc), de Capuava (Recap) e de Paulinia (Replan).
O diretor-executivo de Transformação Digital e Inovação da Petrobras, Nicolás Simone, destacou, em matéria no site da Petrobras (hiperlink), que os ganhos trazidos pelo sistema nas refinarias equivalem ao abastecimento energético de uma cidade com cerca de 20 mil habitantes. Segundo ele, o processo busca a melhoria de desempenho e conformidade ambiental nas operações, com segurança, redução de custos e aumento da eficiência.
Segundo o professor Hélio Lopes, esse desenvolvimento é “um dos frutos de uma parceria inovadora que a iniciativa ExACTa criou com a Petrobras. A base dela está num tripé onde se encontram experimentação ágil, co-criação e transformação digital.”