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Professores do DI discutem criação de backdoor nos sistemas da Apple
quinta-feira, 12 de agosto de 2021 às 18:00

Decisão polêmica da gigante em tecnologia busca investigar armazenamento de pornografia infantil em IPhones

Foto: Unsplash

A Apple decidiu romper sua política de anos de proteção de dados criptografados para introduzir uma nova tecnologia: uma varredura automatizada das fotos de usuários para identificar conteúdo de pornografia infantil. O novo sistema, que a empresa norte-americana acaba de anunciar, gera uma série de questionamentos éticos sobre o futuro da vigilância virtual.

Ainda que a medida possa ser por uma boa causa, especialistas em computação e segurança digital discutem as implicações dessa nova tecnologia em uma escala maior. A varredura de conteúdo individual dos usuários poderia abrir precedentes preocupantes. Para a professora do Departamento de Informática (DI) Simone Barbosa, a questão não é simples. “Proteger crianças e grupos vulneráveis na Internet é um objetivo extremamente importante. Porém, os desafios são em como fazer isso sem abrir portas para potenciais abusos”, disse.

Barbosa detalha ainda como o cenário da segurança tem mudado. “Estamos sendo submetidos cada vez mais a mecanismos de vigilância. É necessário conter excessos e o governo tem um papel fundamental na criação de legislação que os coíba, como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), por exemplo. No entanto, a tecnologia é criada num passo mais rápido do que a legislação, então é importante que os próprios criadores de software sejam levados a assumir uma posição responsável.”

Segundo o professor Anderson Oliveira, especialista em segurança, a medida infringe as normas da área. “Apesar de a intenção ser admirável, essa ação infringe a LGPD e dá margem para vários outros problemas jurídicos e de segurança da informação. Meu sentimento é que há problemas graves nessa ação da Apple em relação à LGPD”, declarou.

Professora Simone Barbosa

No Departamento de Informática, o grupo de Ética na Mediação Algorítmica de Processos Sociais, o EMAPS, liderado pela professora emérita Clarisse Sieckenius de Souza, investiga questões éticas e suas implicações na computação. Em março deste ano, o artigo “A Semiotics-based epistemic tool to reason about ethical issues in digital technology design and development”, redigido pela professora, pelo aluno de mestrado Gabriel Barbosa e pela pesquisadora do Departamento de Psicologia Carla Leitão, propôs uma ferramenta para auxiliar desenvolvedores no design responsável de seus sistemas.

 

Mais polêmicas

 

Mas a polêmica da Apple não para por aí. A decisão contraria anos de uma política rígida da Apple sobre compartilhamento de dados. Em 2015, a empresa se recusou a ajudar autoridades americanas a desbloquear um celular utilizado por um terrorista após um atentado. A justificativa foi a de que a criação de um backdoor poderia permitir às autoridades desbloquear todo e qualquer iPhone.

Aluno de mestrado Gabriel Barbosa

Em um momento em que a computação é parte já quase indissociável do nosso cotidiano, a criptografia surge como uma ferramenta essencial para garantir a privacidade de todas as mensagens trocadas diariamente entre múltiplas partes. Um precedente para observar o conteúdo de iPhones poderia abrir um novo capítulo para a normalização da vigilância, na opinião de Simone Barbosa.

“Para assegurar a privacidade das nossas comunicações e dados, a criptografia é essencial. Uma quebra de privacidade deve ter justificativa prévia ancorada em uma decisão judicial, e não ser indiscriminadamente implementada por um algoritmo em larga escala. A normalização desse tipo de solução é mais um passo para uma sociedade sob vigilância constante”, disse Simone.

O sistema é relativamente simples. A ferramenta faz uma análise das fotos enviadas para o iCloud, o sistema de nuvem da marca, e compara com uma biblioteca mantida pelo Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas (NCMEC), mas uma das polêmicas consiste em que o NCMEC é uma empresa privada.

Professor Anderson Oliveira

Além disso, a varredura feita pela Apple não deve ficar restrita apenas a esses uploads no iCloud. Um outro recurso irá verificar todas as mensagens do iMessage enviadas ou recebidas por crianças. Em caso de constatação de material sexualmente explícito, os pais serão notificados quando uma imagem for enviada ou recebida. “Para comparar imagens, um ser humano precisaria vê-las. Já um sistema computacional pode gerar uma representação numérica de cada imagem e comparar essas representações, sem que um ser humano tenha acesso direto à imagem original, nem possibilidade de reconstruí-la”, completou a professora.

A avaliação humana só deve acontecer em uma etapa muito posterior do processo de identificação. De acordo com a Apple, se o número de correspondências entre fotos arquivadas pelo usuário e fotos presentes na biblioteca do NCMEC acumularem uma determinada quantidade, o material é encaminhado à fabricante, que fará uma avaliação humana sobre o conteúdo.

Permitir acesso aos arquivos dos dispositivos de usuários apresenta riscos e pode abrir caminhos para quebras indevidas de privacidade. Embora esse sistema inicialmente deva ser implementado apenas nos Estados Unidos, questionamentos sobre sua adoção em outros países do mundo, além de outras possíveis aplicabilidades da ferramenta, trazem preocupações, ainda segundo Barbosa. “A própria definição do que são conteúdos inadequados também é uma questão a ser considerada. Quem poderá escolher o que é ou não é adequado? A própria Apple? Os governos locais atuam? Uma organização mundial? E se uma ferramenta dessas for usada para perseguir minorias em países onde isso acontece? Essas questões devem ser amplamente discutidas ao se propor ferramentas com esse nível de impacto social”, disse.

Anderson também acrescenta o potencial danoso da má utilização dessa tecnologia contra usuários. “Imagino o que vai acontecer se a conta de uma pessoa for hackeada e sua área de armazenamento na iCloud for inundada de imagens de pornografia infantil. Será que a vítima será indevidamente incriminada quando o sistema de monitoramento da Apple encontrar tais arquivos? Esse engano poderá causar danos irreparáveis à imagem da vítima”, questionou.



Roberto Ierusalimschy apresenta trabalho sobre Lua no SIGGRAPH 2021
quarta-feira, 11 de agosto de 2021 às 15:36

Evento discutiu desenvolvimento de software e a trajetória da linguagem Lua 

Professor Roberto Ierusalimschy. Foto: Arquivo Pessoal

Linguagens de programação são a base do mundo da informática. Isso é indiscutível. Mas a mistura da computação com outras áreas é um dos fatores que fazem da tecnologia um ramo que avança a partir da criatividade. Na última segunda-feira (9), o arquiteto-chefe da Lua, professor Roberto Ierusalimschy, participou do SIGGRAPH 2021, uma das maiores e mais importantes conferências em computação gráfica no mundo. O evento, que acontece há 48 anos, conta com palestras em assuntos que vão desde pesquisa e educação até artes e design. A conferência deste ano teve como tema a indústria e suas inovações.

Roberto, ao lado das pesquisadoras Caroline Menezes e Louise Hisayasu, fez parte do painel multidisciplinar “From Brazil: A Forest of Computer Graphics and Interactive Techniques”, sobre a história das ricas e diversas contribuições brasileiras para a cultura digital. Dentro desse painel, o pesquisador deu a palestra intitulada “The Lua Bar: Lua programming language”.

A discussão girou em torno do desenvolvimento de software. O professor do Departamento de Informática (DI) apresentou a trajetória da Lua, o processo da sua popularização, e como a linguagem seguiu o caminho para ser essencial em diversas empresas e projetos mundo afora. Um dos pontos centrais da apresentação foi o destaque da Lua como a única linguagem de uso difundido desenvolvida em um país em desenvolvimento.

SIGGRAPH 2021. Foto: Reprodução

“Compartilhar a trajetória da Lua é sempre interessante, porque muitos acadêmicos, mesmo da área, não têm noção da difusão da linguagem na indústria. Muitos sabem que é bastante usada, mas ficam surpresos ao ver vários usos que desconheciam”, disse Roberto.

O professor, que também é coordenador do LabLua, destacou no último Por Dentro do DI a importância da divulgação das ações do DI para os avanços dos projetos do laboratório. Dessa vez, não foi diferente. “Esses eventos são importantes para divulgar Lua e o Departamento.  Sempre reforça o papel do DI na criação de tecnologias relevantes. E não só do DI, mas da PUC-Rio e, em eventos internacionais como esse, é uma divulgação do país também.”, concluiu o professor.



Defesa de Dissertação de Mestrado: Approximate Born Again tree ensembles
segunda-feira, 9 de agosto de 2021 às 11:47

Autor: Matheus de Sousa Suknaic

Orientador: Marco Serpa Molinaro

Data e Hora: 13/08/2021 às 10:00



Cinco motivos para se interessar pela computação do DI
sexta-feira, 6 de agosto de 2021 às 17:53

Pesquisas desenvolvidas no Departamento de Informática trazem avanços em diversas áreas

 

Foto: Unsplash

Do banco da universidade até o mercado de trabalho, passando por aquela olhada rápida na timeline das redes sociais, a informática hoje é inseparável da vida cotidiana. Mas você sabia que a área acadêmica é responsável por sustentar grande parte das inovações que facilitam a nossa rotina? Hoje, trazemos cinco motivos para se interessar pela computação, e como o DI está na vanguarda desse campo.

 

  • A informática torna jogos virtuais possíveis.

World of Warcraft, Roblox, Angry Birds são alguns dos jogos mais populares dos últimos anos, e foi dentro do DI que saiu a linguagem de programação responsável por tornar esses games possíveis. O LabLua, um dos dez laboratórios do Departamento, é encarregado do estudo e manutenção da linguagem de script Lua. Rápida, eficiente e leve, Lua é fruto do trabalho de três pesquisadores do Tecgraf. No Por Dentro do DI dessa semana, o arquiteto-chefe da Lua, Roberto Ierusalimschy fala um pouco sobre a linguagem, a sua inusitada entrada no mundo dos jogos e o futuro de uma nova geração de programadores.

 

  • Está presente nos Jogos Olímpicos.

Foto: Pixabay

Mais de trinta e seis esportes têm sido transmitidos ao vivo, do outro lado do mundo, para as telas de milhões nesse último mês Olímpico. Mas além das avançadas tecnologias de transmissão, o uso de computer vision aliada a Inteligência Artificial tem sido crucial para garantir uma experiência ainda mais imersiva aos telespectadores.

Essas tecnologias são capazes de analisar a performance dos atletas do atletismo, decatlo e heptatlo, exibindo a suas velocidades máximas quase que instantaneamente. O professor do DI e Gerente de Projetos do Tecgraf, Alberto Raposo, comenta o papel do Departamento nesses estudos na matéria sobre as tecnologias na Olimpíada de Tóquio.

 

  • É importante para os avanços na medicina

O uso da computação no processo diagnóstico foi um dos grandes saltos da medicina na última década. Proporcionando leituras mais precisas, a informática tem ganhado espaço na área de pesquisa sobre o câncer. Novos estudos em bioinformática agora tornam possível a identificação e comparação entre genes. Sérgio Lifschitz comenta a relevância do laboratório BioBD nessa pesquisa, e da importância da colaboração com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).

 

Foto: Pixabay

  • Ajuda no monitoramento das redes sociais

Com as fake news ganhando destaque nas discussões políticas, a computação se revela uma área importante para estudar um dos protagonistas na disseminação de informações falsas: os bots. Desde a coleta até o tratamento de dados numéricos das redes, a informática é capaz de mapear um cenário preciso sobre a atuação desses robôs. Pensando na relevância desse assunto, a produção científica do DI, em parceria com uma série de instituições, desenvolveu um artigo sobre o assunto, recentemente premiado no X Brazilian Workshop on Social Network Analysis and Mining (BRASNAM 2021).

 

  • É o futuro da experiência virtual

Machine learning, internet das coisas, inteligência artificial. Não há como fugir de um futuro cada vez mais automatizado Algoritmos focados em realizar tarefas e até mesmo mimetizar as sinapses humanas são algumas das áreas estudadas no DI.

As aplicações dessas tecnologias são extensas e rendem inúmeras possibilidades para o futuro da informática. O professor Jônatas Wehrmann discute inteligência artificial, codificação de textos e a versatilidade de um sistema aplicável aos mais diferentes idiomas nesta entrevista.

 

E tem muito mais inovação sendo desenvolvida nos laboratórios do DI. Em breve, traremos uma nova seleção com outras tecnologias e possibilidades dentro do Departamento. Fique ligado!



Tecnologias das Olimpíadas de Tóquio são destaque em pesquisas do DI
quinta-feira, 5 de agosto de 2021 às 17:33

Visão computacional e Inteligência Artificial, estudadas no DI, são usadas para monitorar a performance de atletas olímpicos em tempo real

Foto: Pixabay

As Olimpíadas de Tóquio levaram às telas do mundo inteiro muito mais do que entretenimento e performances de atletas. No país da tecnologia, os Jogos introduziram uma série de inovações para aproximar um pouco mais os esportes do público. Uma das principais novidades foi o reconhecimento inteligente de imagem.

Tecnologia estudada pelos pesquisadores do Departamento de Informática (DI), o reconhecimento inteligente de imagem nos esportes é capaz de processar informações numéricas instantaneamente para apresentar dados na tela enquanto as provas acontecem.

“Essa parte de ‘reconhecimento inteligente de imagens’, na verdade, é o que chamamos de visão computacional. Superficialmente falando, essas tecnologias operam de diversas formas, mas basicamente se baseiam na capacidade dos algoritmos de aprendizado de máquina serem capazes de reconhecer elementos da imagem”, explica o professor Alberto Raposo, Gerente de Projetos no Instituto Tecgraf e pesquisador na área de Realidade Virtual, Visão Computacional e Processamento de Imagens.

Um exemplo são as provas de velocidade. Enquanto a competição acontece, uma Inteligência Artificial (IA), aliada à visão computacional, é capaz analisar a performance dos atletas do atletismo, decatlo e heptatlo, exibindo a suas velocidades máximas. “Em TV, cinema e treinamentos esportivos, essas tecnologias de reconhecimento de imagem podem ter o auxílio de sensores adicionais, o que torna possível algumas dessas coisas que estamos vendo nas Olimpíadas”, completou Raposo.

No caso das maratonas, ciclismo, mountain biking, triatlo e canoagem, o 2D image tracking é o protagonista. Na tela, os telespectadores conseguem ver uma espécie de “etiqueta” em cada atleta enquanto ele se move, permitindo um acompanhamento mais fácil da prova.

A visão computacional é um campo de destaque na informática e nas pesquisas do DI. Além de ser uma tecnologia que deve ser bastante aplicada no futuro, segundo Alberto Raposo. “A importância dessas tecnologias é grande. Há anos isso já vem sendo estudado em robótica, segurança e medicina, por exemplo, e atualmente um dos grandes investimentos nessa área é em torno das pesquisas para veículos autônomos, já que são essas tecnologias que permitirão que eles sejam ‘dirigidos’ sem humanos”, finalizou.



Por dentro do DI: LabLua usa criatividade para estudar linguagens
quarta-feira, 4 de agosto de 2021 às 15:52

Alunos trabalham em conjunto para fazer manutenção da linguagem Lua, criada no DI

Professor Roberto Ierusalimschy, arquiteto-chefe da Lua

A linguagem de impacto mais importante já criada no Brasil tem uma casa própria dentro do Departamento de Informática (DI): o LabLua, o laboratório responsável pela manutenção da Lua, hoje uma das linguagens em script mais importantes da computação e criada pelo próprio DI. Marcado pela inovação, o LabLua é responsável também pelo estudo de linguagens de programação. Mas, embora as pesquisas do laboratório sejam pautadas pelos olhos no futuro, para entender as origens da Lua precisamos nos voltar para a década de 1990.

A Lua é uma linguagem de programação totalmente projetada, implementada e desenvolvida no DI. O projeto é fruto de um esforço conjunto da equipe composta pelos professores Roberto Ierusalimschy, Waldemar Celes e Luiz Henrique Figueiredo (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). Nascida no Tecgraf, que na época ainda se chamava Grupo de Tecnologia em Computação Gráfica da PUC-Rio, a Lua teve suas origens em uma demanda de mercado.

“Lua foi desenvolvida totalmente com base em necessidade. De início, a linguagem não era nem uma ideia acadêmica. Em um dos vários projetos que tínhamos com a Petrobras, fomos consultados porque eles precisavam de uma linguagem de configuração para a execução de um projeto. Pesquisamos, mas não encontramos nada que servisse para os planos que tinham. Então partimos para criar a nossa própria linguagem”, conta o professor Roberto Ierusalimschy, arquiteto-chefe da Lua.

Nos anos 1990, enquanto o acesso público à internet dava seus primeiros passos no Brasil, os professores vislumbravam as possibilidades que uma linguagem leve, rápida, portátil e livre poderiam oferecer para a nova realidade da computação. Lançada como open source (código aberto), a Lua pode ser usada para qualquer objetivo, até mesmo para propósitos comerciais. Depois de fazer download, o usuário pode fazer uso da Lua para seu projeto de maneira rápida e simples, sem custo ou burocracia.

Professor Roberto Ierusalimschy no até então Grupo de Tecnologia em Computação Gráfica da PUC-Rio

A virada de milênio foi agitada. A popularização da linguagem levou a sua aplicação em uma série de jogos de grande destaque como Grim Fandango (1998), Tibia (1997) e Grand Chase (2003). Como reconhecimento da relevância do trabalho dos pesquisadores do Tecgraf, o grupo responsável pela manutenção da Lua ganhou seu próprio laboratório, o LabLua, em 2005.

A decisão de tornar Lua open source ainda na sua fase inicial foi significativa para sua divulgação. Hoje, é uma das linguagens em script mais utilizadas em jogos. Lua é utilizada em uma série de games “Triple A”, a classificação utilizada para designar os jogos com maiores orçamentos e níveis de produção. Dessa forma, títulos jogados por milhões de pessoas ao redor do globo expõem ao público um trabalho gerado pela pesquisa do DI.

World of Warcraft, um dos maiores RPGs (Role Playing Game) on-line da história, Angry Birds e Roblox são apenas alguns dos clássicos que dependem da Lua para funcionar. Inicialmente, não havia pretensões para voltar o desenvolvimento da linguagem especificamente para jogos. Entender o por que de Lua ser tão útil para construir games motivou o laboratório a fazer algo como uma espécie de engenharia reversa: estudar a execução, para entender a teoria.

“Existem casos onde desenvolvedores fazem alguma coisa e depois descobrimos o porquê de dar tão certo. Por vezes nós pensamos ‘como aquele jeito de fazer um processo tal ficou tão mais fácil’? A partir daí, partimos para os estudos acadêmicos. O usuário da linguagem contribuiu muito para seu aprimoramento”, disse Roberto.

Foto: Divulgação/Rovio

E não são apenas os gamers que têm contato diário com a linguagem. Lua também é usada em várias aplicações industriais, como Adobe Photoshop Lightroom, um dos softwares de edição de imagem mais populares do mundo.

O futuro, tão presente nos trabalhos do laboratório, ainda guarda muitas possibilidades para quem trabalha no LabLua. Assim como no contexto que motivou suas pesquisas no início dos anos 1990, o laboratório olha para o futuro para desenvolver novas iniciativas. Entre elas, está a linguagem Pallene.

A ideia por trás do plano é preencher um espaço deixado por Lua. Por ser uma linguagem com ênfase em scripting, ela atua, geralmente, em parceria em engines programados em C ou C++. Já a Pallene é uma linguagem em desenvolvimento com o objetivo de facilitar esse processo. Um detalhe curioso: Pallene é o nome de uma das luas de Saturno, e por isso faz sentido que as duas sejam chamadas de linguagens complementares.

Ainda assim, a Lua segue atual. A linguagem é a porta de entrada no mundo da programação para jovens ao redor do mundo. Recentemente, uma das plataformas que permite usuários criarem seus próprios jogos, a Roblox, convidou o professor Ierusalimschy para uma edição da reunião mensal da empresa idealizadora da plataforma. O encontro, chamado de “TownHall”, contou com a presença de todo corpo empresarial, além do próprio CEO.

Foto: Divulgação/Roblox Corporation

“A Roblox é interessante porque você pode fazer seus próprios jogos e disponibilizar para outros, então é muito utilizado por adolescentes. Um garoto de 14 anos escreveu um livro inteiro sobre programação em Lua para Roblox, ensinando a fazer joguinhos na plataforma. Existe um mundo de usuários em Lua, e muitas vezes eles nem sabem!”, completou Roberto.

O LabLua representa a vanguarda na pesquisa de linguagens de programação no cenário nacional. Desenvolvida inteiramente na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o impacto da Lua no desenvolvimento de aplicações representa a internacionalização da pesquisa de qualidade proporcionada pelos cientistas do DI. O mundo de possibilidades que a criatividade, aliada à Lua, pode trazer, torna o futuro imprevisível. Mas uma coisa é certa: quem vislumbrou possibilidades lá atrás, hoje conta com a colaboração gigante de milhões de usuários que fazem da evolução das linguagens de programação algo possível.



Professor Wehrmann recebe prêmio de melhor tese de doutorado no CSBC
segunda-feira, 2 de agosto de 2021 às 18:28

Pesquisa sobre redes neurais recebeu destaque no Congresso da Sociedade Brasileira de Computação

Professor Jônatas Wehrmann

Você sabia que a computação também pode ter muito a ver com o cérebro humano? E não estamos falando só de códigos. O uso da informática para desenvolver redes neurais, uma espécie de emulação das sinapses humanas, é uma das áreas que mais vêm ganhando relevância no mundo da computação.

O professor  Jonatas Wehrmann, que ocupa no DI o cargo “Professor Fundação Behring de Inteligência Artificial”, recebe destaque nesse campo. A sua pesquisa, Language-Agnostic Visual-Semantic Embeddings”, ganhou o prêmio de melhor tese de doutorado no XLI Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2021).

Conduzido por Wehrmann durante doutorado na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o projeto estuda redes neurais profundas para aprendizado multimodal. O trabalho propõe abordagens para melhorar o desempenho preditivo de redes neurais multimodais.

A tese introduz novos sistemas de inteligência artificial (IA) capazes de entender o que está escrito em textos e aprende a relacionar os diferentes conceitos descritos com o conteúdo de imagens. Dessa forma, um usuário é capaz de realizar uma busca de imagens a partir de um texto.

A extensa pesquisa apresenta quatro novas estratégias de codificação de texto, assim como uma abordagem de incorporação de palavras baseada em caracteres. O modelo proposto é altamente flexível e pode ser utilizado em textos dos mais variados idiomas, desde o inglês até o japonês.

Recém integrante do DI, Jônatas espera trazer seus conhecimentos no campo das redes neurais para o Departamento. “Estou muito animado, com muitas ideias e projetos. Já estou atuando na graduação, especialização, mestrado e doutorado, ministrando disciplinas e orientando alunos. Estamos inclusive com um projeto para criar um novo laboratório de pesquisa em IA e Machine Learning visando focar em pesquisa de ponta no Brasil.” disse Jonatas.

O prêmio da SBC é um dos mais importantes reconhecimentos para teses de doutorado de computação do Brasil, e dá destaque a projetos inovadores. “A premiação tem um significado muito especial pra mim, especialmente considerando todo o trabalho e tempo que eu dediquei à pesquisa. Eu fui um dos primeiros estudantes brasileiros a fazer pesquisa em Deep Learning no Brasil, e na época nosso laboratório não tinha nenhum equipamento e nem conhecimento a respeito do assunto. A área era extremamente nova e não tinha muitos materiais a respeito, então foi um período bastante desafiador, mas que também trouxe muitas recompensas”, conclui.



Disciplinas da pós do DI estão com inscrições abertas até 10/08
sexta-feira, 30 de julho de 2021 às 16:51

Alunos extraordinários poderão cursar disciplinas do mestrado e doutorado, sem estarem matriculados nos programas

Ainda dá tempo de estudar no Departamento de Informática (DI) no semestre de 2021.2. As inscrições para aluno extraordinário estão abertas até 10 de agosto. São 29 disciplinas lecionadas por professores da pós-graduação, em assuntos como algoritmos, machine learning, computação gráfica e inteligência artificial em jogos.

Os alunos extraordinários poderão cursar disciplinas tanto do mestrado quanto do doutorado, sem estarem matriculados nesses programas. É uma ótima chance para adquirir conhecimento, se ambientar com os cursos, e ter contato com o corpo docente. O programa de pós-graduação do DI tem nota máxima (7) na Capes e é o mais antigo do Brasil, com forte tradição acadêmica. “Trata-se de uma grande oportunidade. A oferta mais ampla das disciplinas da pós-graduação do DI para alunos extraordinários possibilita disponibilizar disciplinas de um programa de reconhecida excelência em computação para atender às demandas da sociedade”, destaca o coordenador da pós-graduação, Marcos Kalinowski.

A avaliação da adequação do aluno é feita pela coordenação de pós-graduação, de forma alinhada com o professor responsável pela disciplina pretendida.

Ao cursar as disciplinas, o aluno extraordinário é avaliado como um aluno regular, através provas e trabalhos com o mesmo nível de cobrança dos demais estudantes de mestrado e doutorado.

Ao concluir as disciplinas, os alunos podem solicitar uma declaração de aprovação, com a nota de conclusão. As inscrições são feitas no site da Coordenação Central de Planejamento e Avaliação (CCPA). A relação das disciplinas disponíveis e suas ementas podem ser acessadas nessa página. As aulas são lecionadas de maneira remota.

Interessados devem realizar o cadastro no CCPA e selecionar a opção “aluno extraordinário”. Depois de preencher o formulário pedido, o aluno deve adicionar o código da disciplina que deseja realizar (exemplo: INF + código da disciplina). Ao finalizar o processo, é preciso clicar em “Encaminhar” e conferir se todos os campos do formulário foram preenchidos corretamente. Também é importante checar se as justificativas para realização das disciplinas foram preenchidas, assim como se o envio do histórico da instituição de origem foi realizado.

Dúvidas podem ser enviadas para o e-mail pos@inf.puc-rio.br.



Artigo sobre uso de robôs nas eleições de 2020 é premiado em congresso
quarta-feira, 28 de julho de 2021 às 15:04

Trabalho teve a participação do professor do DI Sérgio Lifschitz e parceria com o Departamento de Comunicação da PUC-Rio, ITS Rio, INCT.DD e o LNCC.

Arthur Ituassu (esq.) e Sérgio Lifschitz

A atuação de bots (robôs) nas redes sociais é um assunto que tem ganhado destaque nas manchetes por conta da sua relevância no contexto político. Trazendo essa questão para o campo da computação, o artigo “From digital militias to coordinated behavior: interdisciplinary methods for analyzing and identifying bots in Brazilian elections”, analisou o conteúdo de 92.600 usuários do Twitter durante o segundo turno das eleições de 2020. Com a colaboração de diversas instituições, o estudo conquistou segundo lugar (menção honrosa) na categoria short paper do X Brazilian Workshop on Social Network Analysis and Mining (BRASNAM 2021)

Trabalharam juntos o Departamento de Informática (DI), o Departamento de Comunicação (COM), o ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).

O pesquisador João Guilherme Bastos dos Santos

O trabalho foi conduzido por uma equipe extensa. O grupo é formado por João Guilherme Bastos dos Santos, do INCT.DD, em parceria com os pesquisadores do ITS Rio Thayane Guimarães, Diego Cerqueira, Debora Albu, Redson Fernando, Julia Hellen Ferreira e Maria Luiza Mondelli. Todos em estreita colaboração a PUC-Rio, envolvendo os professores Sérgio Lifschitz (DI) e Arthur Ituassu (COM).

O artigo analisa a atuação de possíveis bots (robôs) nas respostas aos tweets de candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Porto Alegre e Fortaleza nas eleições de 2020. A partir dessa identificação, o texto faz uso de métodos de análise para identificar semelhanças de vocabulário utilizadas por esses bots.

O laboratório BioBD, coordenado por Lifschitz, realizou a coleta de dados dos tweets nas cinco capitais com uso da ferramenta ePOCS Twitter Crawler (eTC), desenvolvida em parceria com o laboratório COMP. Essa ferramenta permite a extração de dados históricos do Twitter, coletando dados e metadados envolvidos em tweets sobre determinados assuntos dentro de um período de tempo especificado.

Os pesquisadores do ITS Rio, Diego Cerqueira, Thayane Guimarães e Maria Luiza Mondelli

“Temos uma bela parceria com o Departamento de Comunicação através do professor Arthur Ituassu. Há mais de 5 anos, publicamos e pesquisamos juntos. Começamos exclusivamente com o Twitter, mas já estamos trabalhando há um tempo no Facebook e, em breve, no Instagram”, declarou Lifschitz.

O professor ainda destacou a importância do BioBD no estudo de big data, uma área importante da computação. “No nosso lab BioBD, o foco sempre foi no grande volume de dados. Twitter é ‘big data‘ total por conta do streaming de grandes volumes, e lidar com isso com qualidade, permitindo análises corretas sempre foi e segue sendo nosso foco”, afirma.

O BRASNAM 2021 traz os artigos selecionados e apresentados na edição do evento realizada online, de 18 a 23 de julho, como parte do XLI Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2021), que teve como tema “Inovação e Transformação Digital: Enfrentando a Complexidade e as Incertezas do Mundo Contemporâneo”.

Os pesquisadores do ITS Rio, Redson Fernando, Debora Albu e Julia Hellen Ferreira

“Ter recebido menção honrosa (segundo lugar) na categoria de short papers, nossa primeira participação, em um evento que ganha relevância a cada ocorrência, é certamente um fator de visibilidade para o DI, para o departamento de Comunicação e para o grupo ePOCS que fazemos parte. Também destaco a participação dos alunos de Engenharia da Computação Bruno Coutinho e Mariana Porto Barreto, integrantes do laboratório, que foram fundamentais para o trabalho”, finalizou Lifschitz.

Esses alunos continuam com pesquisa e desenvolvimento nesse tema através de bolsas PIBIC e PIBITI da PUC-Rio.

Alunos Bruno Coutinho e Mariana Porto Barreto



Defesa de Dissertação de Mestrado: Automated Synthesis of Optimal Decision Trees for Small Combinatorial Optimization Problems.
quarta-feira, 28 de julho de 2021 às 09:30

Autor: Cleber Oliveira Damasceno

Orientador: Thibaut Victor Gaston Vidal

Data e Hora: 28/07/2021 às 13:30